Mario Augusto Jakobskind -
“Pesquisas realizadas ao longo de mais de um ano e meio demonstram que o engenheiro e ex-aluno da PUC-RJ Raul Amaro Nin Ferreira foi preso e assassinado por agentes do Dops em agosto de 1971. A Comissão da Verdade, com base em informações oficiais, acatou a versão oficial de que o engenheiro seria ligado a grupos terroristas. A partir de documentos de arquivos públicos, depoimentos de sobreviventes dos cárceres da ditadura e amigos de Raul Amaro, as investigações revelaram que ele não tinha ligações com militância e foi preso em perfeitas condições de saúde.
A informação foi prestada por Marcelo Zelic, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e por Raul e Felipe Ferreira, sobrinhos de Raul Amaro. O engenheiro foi preso no dia 1º de agosto, enquanto saía de casa com amigos, no bairro de Laranjeiras, em uma batida policial. Ele tinha 27 anos e não militava em nenhuma organização clandestina, mas era amigo de militantes do MR-8.
Raul Amaro foi levado à sede do Dops, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Onze dias depois as autoridades entregaram os restos mortais do preso político à família.
Zelic e os sobrinhos da vítima esperam que a Comissão da Verdade corrija o erro e aceite a verdadeira versão do fato. Os resultados da apuração serão apresentados em um encontro da Comissão da Verdade na quinta-feira, 5 de dezembro, na sede da Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro – CAARJ.
A família de Raul Amaro espera ainda que o jornal O Globo corrija a informação oficial e errada divulgada em 28 de agosto de 1971. Segundo os sobrinhos do engenheiro, a publicação teria veiculado a versão apresentada pelo Centro de Informações do Exército (CIE) sobre um confronto entre militantes e forças policiais no qual Raul Amaro Zin Ferreira teria morrido.”
Foto de Raul Amaro no Dops |