Via Brasil de Fato -
A impossibilidade de pagar aluguel ou de ter uma moradia, levou cerca de 2 mil famílias a montar um acampamento em um terreno nas imediações da rodovia Anhanguera, na periferia de Osasco, região metropolitana de São Paulo. Desde o dia 23 de agosto deste ano, os sem-teto vivem no local, chamado de comunidade Esperança. Após meses de ocupação, a prefeitura ainda não sinalizou garantia de moradia digna às famílias.
Maria de Fátima, de 47 anos, está na ocupação há dois meses. “Quem perde moradia, perde tudo! É quase impossível arrumar trabalho sem endereço, creche para os filhos, tudo”, denuncia.
Cerca de 2 mil famílias enfrentam situações precárias de saneamento, sem água e luz em suas moradias improvisadas. “O que a gente tem da prefeitura é só palavra, no papel não temos resposta concreta”, reclama.
A prefeitura de Osasco, comandada pelo prefeito Jorge Lapas (PT) disse em nota que possui um setor de cadastro social para que as famílias que necessitam de moradia sejam inseridas em programas habitacionais. Porém, o órgão destaca que existe uma fila de espera a ser respeitada, 'pois na cidade existe uma política pública habitacional bem definida'.
José de Arimatéia, 36 anos, ressalta que eles só conseguiram reuniões com setores da prefeitura após ocupação da câmara dos vereadores da cidade. “Na prefeitura disseram que nós somos filhos de Osasco. Um pai não deixa o filho desamparado, não é?”, ironiza Ari, como é conhecido na ocupação.
Organização
Apesar de sofrer com falta de água e alimentos, a ocupação Esperança é uma comunidade bem estruturada. O local é dividido em trêsa setores, que tem uma cozinha comunitária, banheiros e áreas de convivência em cada um. Os moradores também se revezam na manutenção do espaço.
Além da hanitação, os sem-teto reivindicam outros serviços públicos e direitos sociais. “A gente luta por moradia mas, também por educação, saúde, igualdade, respeito pela opção sexual de um, pela cor de outro", afirma Ari.
Há risco de reintegração de posse do terreno, mas não é possível prever quando isso acontecerá. Isso porque o atual dono, que acumula dívidas e não dá função social a área desde sua aquisição, pode vender a propriedade caso a prefeitura e a Caixa Econômica Federal façam uma proposta.
A possibilidade de despejo assusta os moradores da ocupação, que afirmam não ter condições de pagar aluguel na cidade.
Assim como na capital, o mercado imobiliário de Osasco, na Grande São Paulo, passou por intensa valorização. “O preço do aluguel sobe de R$ 100,00 a R$ 200,00 de um ano pra outro”, relata o jovem Erivelto Silva, que apesar de ter 17 anos, é um dos coordenadores da ocupação.
A reportagem consultou imobiliárias da cidade e encontrou média de preço de R$ 750,00 para moradias com um quarto, sala, cozinha e banheiro, nas periferias da cidade.
Sem-teto enfrentam situações precárias de saneamento, sem água e luz em suas moradias improvisadas na Ocupação Esperança |