6.8.17

O LEGADO OLÍMPICO, SONHO OU PESADELO?

ALCYR CAVALCANTI -

Tristezas não tem Fim. Felicidade Sim (Vinicius de Morais).


A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro comemora, ou quem sabe lamenta a realização da Olimpíada 2016, que completou um ano dia 5 de agosto.  Obras intermináveis, outras semiprontas inacabadas, alguma coisa foi entregue para realizar em um enorme esforço e sacrifício de mais oito milhões de habitantes a "maior olimpíada de todos os tempos, como apregoaram Eduardo Paes, Nuzman e os dirigentes do Comitê Olímpico Internacional. Ficaram a linha 4 do Metro, que vai até o Jardim Oceânico na Barra, o Boulevard Olímpico, a Nova  Praça XV com o Túnel Marcelo Alencar que melhorou o transito no acesso da Zona Portuária até o Aterro, o belo Aquário, o futurista Museu do Amanhã, o Porto Maravilha com a revitalização do centro da cidade em especial a Rio Branco como  Veículo Leve Sobre Trilhos-VLT, que serve em especial turistas que visitam a cidade. Mas em contrapartida enorme malversação de recursos destinados à saúde, educação, segurança enfim sumiram com uma verba bilionária.

A própria Linha 4 ficou inacabada, a estação da Gávea não saiu do papel, sob alegação que o dinheiro foi insuficiente, mas a verdade que houve enorme superfaturamento do grupo chefiado pelo então governador Sérgio Cabral, que sob acusação de 'chefe de quadrilha" amarga prisão em Benfica, depois de uma temporada no Complexo Prisional de Gericinó, levando a reboque vários irmãos camaradas como o médico Sérgio Cortez. A formação de atletas para levar ao pódio dezenas de jovens em futuras competições foi mais um engodo, assim como muitas arenas e locais de competições foram abandonadas.

A prisão de um dos homens de confiança do Ex-prefeito Eduardo Paes o então secretário de Obras Alexandre Pinto na "Operação Rio 40 Graus" por ordem do juiz Marcelo Bretas veio trazer á tona o que todos suspeitavam, um grande esquema de corrupção na série de obras que foram feitas na cidade, em todos os quadrantes como preparativos para os Jogos Olímpicos, em especial o BRT Transcarioca. O saque aos cofres públicos feitos pela administração Paes leva suspeitas á todo o grupo que assim como a organização criminosa estadual pertence a um mesmo partido, o PMDB,que quis transformar a cidade ao fazer uma bela mas dispendiosa maquiagem em uma megalópole  de oito milhões de habitantes, mas em que mais de dois milhões vivem em condições sub humanas em habitações populares que lutam para sobreviver em condições precárias à espera do Programa de Aceleração do Crescimento-PAC, programa que em muitas situações não saiu do papel.

O que causa espécie em toda a manobra é que os Jogos foram um sucesso mais para projetar o Rio de Janeiro e seus governantes nos três escalões  no cenário internacional, mas que infelizmente trouxe mais prejuízos do que benefícios para uma imensa população. Uma das obras símbolo foi o paradigmático teleférico do Morro do Alemão, onde quinze favelas lutam para sobreviver na linha da miséria, mas que teve um comentário jocoso da poderosa Cristine Lagarde do Fundo Monetário Internacional-FMI. Cristine em visita guiada ao Alemão, resolveu passear no bondinho e se sentiu, segundo suas declarações, "Como se estivesse nos Alpes Suíços". Poderia ser trágico ou cômico segundo o ponto de vista de cada um da mesma forma que o Legado Olímpico pode ser visto como uma vitória, uma tragédia ou quem sabe uma rotunda  farsa.