MIRANDA SÁ -
“A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver.” (Bertrand Russell)
Ao contrário do que muita gente pensa, fazer filas diante de balcões de atendimento, guichês, pontos de ônibus, entre outras situações idênticas, como espera de mesa em restaurantes, não é um costume brasileiro.
No mundo inteiro considera-se a fila como uma forma de organização e um direito costumeiro. “Fila”, em alemão é reihe; em árabe صف; قائمة الانتظار; em francês queue; em inglês, file; em italiano, fila; em mandarim中国宇宙 em português de Portugal, bicha, e em russo, Фитнес; entre os japoneses, que adoram filas, 行.
No metrô e no trem, a regra funciona, como ocorre no Japão. Lá, deve-se esperar em fila e deixar que as pessoas saiam do vagão primeiro para depois entrar, é um sonho de consumo dos brasileiros, acostumados com o bulício provocado pela má educação.
Como não poderia deixar de ser, na política brasileira assistimos no processo de impeachment no Senado a fila dos desesperados defensores da presidente defenestrada.
A chamada “bancada da chupeta” formada por lulo-petistas, dá os dois exemplos: a disciplina stalinista na inscrição na lista de oradores e a bagunça organizada para tumultuar o processo do impeachment.
Enfileirados, usam toda espécie de estratagemas para esconder o crime de responsabilidade de Dilma, e esses ardis vão desde a procrastinação às provocações em nada éticas. Por exemplo, o destempero leva Lindbergh a chamar o colega Ronaldo Caiado de “desqualificado”. Mas a qualificação de Lindbergh obteve pronta resposta de Caiado, que sugeriu para ele um exame antidoping.
O cúmulo da falta de ética veio de Gleise Hoffman dizendo que o Senado Federal “não tem moral” para julgar a presidente afastada. Ela recebeu também resposta do senador (e presidente do Senado) Renan Calheiros, ao relembrar o caso da intervenção feita no STF protestando o mandado de busca e apreensão feita em seu apartamento e impedindo o indiciamento dela e do marido envolvidos na Operação Custo Brasil.
Como a fila anda, é indispensável ver as intervenções dos demais senadores da “bancada da chupeta”, como a disputa de despreparo entre as senadoras Fátima Bezerra, que é professora, mas exerceu o magistério apenas em atividades sindicais, e Maria Regina, funcionária do Banco do Brasil, também exercendo suas funções somente no Sindicato.
Sobre essas figuras, sempre me pergunto como o eleitorado dos seus estados se sente representado assistindo as suas intervenções primárias entre os pares.
Há também a participação no julgamento do impeachment dos senadores Humberto Costa, Paulo Paim e Paulo Rocha, meros agitadores formados na escola da pelegagem, escamoteando a realidade brasileira para defender o seu partido corrupto, o PT.
É inexorável que a fila ande também fora do Senado, com milhões de brasileiros exigindo uma faxina ampla, geral e irrestrita, varrendo os corruptos da administração pública. Esta fila patriótica se encaminha para o impeachment de Dilma por crime de responsabilidade fiscal e pela incompetência e leniência diante dos esquemas de corrupção…