Por JOSÉ MASCHIO - Via Jornalistas Livres -
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O massacre de servidores públicos do Paraná, nesta quarta-feira no
Centro Cívico de Curitiba, em uma tentativa desesperada de o governador
Beto Richa (PSDB) aprovar mudanças nos fundo de previdência do
funcionalismo estadual, mostra muito mais que as cenas de barbárie.
Depois
de um primeiro governo sem oposição e com a mídia estadual “adestrada”
com grandes verbas publicitárias, Richa não teve dificuldades em se
reeleger, em primeiro turno, para um segundo mandato. Mas, mesmo antes
de ser empossado em sua segunda gestão, as contas públicas vazaram e o
governo iniciou 2015 sem caixa. Nem mesmo aquela para manter a mídia
como sua aliada.
E, na falta de oposição, foram homens de seu próprio
staff que colocaram Richa nas cordas, qual um pugilista à beira do
nocaute. Uma sucessão de escândalos, desde abuso sexual de meninas e
adolescentes a corrupção na Receita Estadual, que balançaram as
estruturas do palácio Iguaçu. E todos os escândalos levam a Richa.
Vale
recordar esses escândalos: o assessor direto de Beto Richa, Marcelo
Caramori, é preso em flagrante por abuso sexual de meninas em Londrina.
Chello Caramori, que se intitulava fotógrafo oficial e amigo pessoal de
Beto é exonerado. E isso só agrava o problema, pois Caramori vira
“delator premiado”.
Logo caem novos envolvidos no esquema de
prostituição de meninas e adolescentes. Entre eles, auditores da Receita
Estadual. O esquema, investigado pelo Gaeco, é gigantesco e tem como
líder Márcio Albuquerque de Lima e sua mulher. Ele, além de chefe geral
de fiscalização da Receita Estadual tem um laço esportivo com Richa: são
colegas de equipe em corridas de automobilismo.
As investigações
do Gaeco de Londrina chegam ao primo de Richa, Luiz Abe Antoun,
compadre e “mentor político” do governador. Para se ter uma ideia da
importância de Luiz Abe, Avelino Vieira Neto, cunhado de Richa _é irmão
de Fernanda Richa_ postou, nas redes sociais, em dezembro passado, que
quem mandava “mesmo” no governo era o primo, não Richa.
As
investigações do Gaeco mostram mais. Luiz Abe, o primo-forte como é
conhecido no Paraná, comandaria um esquema maior de corrupção, em vários
órgãos do governo, além da Receita Estadual.
Com as
investigações a chegar perigosamente perto do Palácio Iguaçu, até mesmo a
morte do repórter James Alberti, produtor da RPC (afiliada da Globo no
PR) é tramada. Alberti está hoje fora do Estado. De novo, investigações
mostram que a tentativa de atentado foi planejada dentro do governo.
Com
um rombo nas contas públicas, obras paradas e a começar a sofrer
críticas da mídia paranaense, antes tão cordial a ele, Richa só tem um
caminho. Mandar uma pacotaço à Assembléia Legislativa para retirar R$ 8
bilhões do Paraná Previdência, dinheiro do fundo de previdência do
funcionalismo estadual.
Contava o governador, para isso, com a
base aliada sempre fiel ao seu governo. Só não esperava a reação do
funcionalismo, especialmente professores da Rede Estadual de Ensino e
professores das universidades estaduais.
Soma-se a esse quadro de
desespero de Richa, a presença do delegado Fernando Francischini (PSDB)
na Secretaria de Segurança Pública. Francischini, um aprendiz de
Mussolini, conhecido por suas bravatas e destemperos, convocou PMs de
todo o Estado, em um aparato repressivo-militar só visto na Ditadura
Militar, para confrontar os manifestantes.
O resultado está aí.
Um massacre do governo tucano-paranaense contra os servidores públicos.
Ato semelhante só ocorrera no Paraná, em 1988, quando o então governador
Álvaro Dias, também tucano, colocou a cavalaria contra professores em
greve. A diferença é que hoje, Richa se esmerou em suplantar seu colega
de partido e optou pelo massacre puro e simples dos seus oponentes,
diga-se, desarmados.



