HELIO FERNANDES - Via blog do autor -
Anteontem, terça-feira, ás 7 da noite, a presidente
Dilma anunciava o novo Ministro do Supremo. Dava seu nome, Luiz Edson Fachin,
arrolava vários títulos acadêmicos. Esquecia dados pessoais, políticos,
participação em partidos, por acaso ou coincidência, do próprio PT.
Exatamente 3 horas depois, no "Jornal das
10", Globonews, o jornalista Merval Preenchia o que Dona Dilma esquecera,
fazia revelações assustadoras sobre a carreira do novo Ministro.
Não contestou as credenciais jurídicas ou
acadêmicas, mas contou fatos, com nomes, sobrenome e quando aconteceram. E que
precisam ser desmentidos ou comprovados na sabatina a que o novo Ministério
precisa se submeter no Senado.
Vejamos, resumidamente o que disse Merval Pereira.
1- Ele não é apenas simpatizante do PT, pertence ao
partido, é advogado do MST (Movimento dos Sem Terra), defensor entusiasmado e
ligado a esse MST. 2 – Lula quis nomea-lo para uma vaga nesse mesmo Supremo,
chamou Fachin para conversar. Ele fez tão apaixonada defesa desse Movimento,
que Lula, assustado, resolveu não nomea-lo.
3 – Ele continuou “ministeriável”, Dona Dilma ia
nomea-lo, preteriu-o mais uma vez e escolheu Luiz Roberto Barroso.
(Única contribuição deste repórter, todo o resto
Merval citou na televisão, quando Dilma ia nomear Fachin. Lula disse a ela:
“Muito cuidado, eu ia nomea-lo, desisti por causa do radicalismo dele”. A
presidente desistiu também).
4 – O senado ameaçou por quase 9 meses vetar a
indicação de Dona Dilma, fosse qual fosse. Mas com o acordo Renan-Dilma, Fachin
parecia garantido. Agora com essa matéria altamente jornalística do Merval, é
preciso exame profundo da indicação.
Participação final deste repórter: há o exemplo
Dias Toffoli. Com menos credenciais, chegou ao Supremo, saindo diretamente do
PT. Foi também Advogado Geral da União, passou a Advogado de José Dirceu na
Casa Civil. Agora participará dos julgamentos da Lava-jato.
Terrorismo Republicano
Controlando a Câmara e o Senado, tentam anular a
surpreendente e primorosa reconciliação EUA-Cuba, depois de 57 anos. Cuba até
pode ser acusada de atentado contra Diretos Humanos, mas não de financiamento
do terrorismo. Não têm nem recursos para isso.
Os Republicanos sabem que estão enclausurados. A
opinião pública americana, está a favor do entendimento. Os empresários que
financiam o partido dos Bush, (pai e filho e talvez outro irmão) estão
claramente a favor das relações diplomáticas dos dois países.
Os Republicanos querem vetar o entendimento por
temor (pessoal), medo (político), sensação de nova derrota (eleitoral).
HSBC
Com essa sigla, o banco da Suíça domina o
noticiário internacional. Depositário do dinheiro dos maiores “homens
públicos”, geralmente ditadores corruptos do mundo, ganhou notoriedade total.
Descoberto por jornalistas investigativos e independentes, vai á falência ou
consegue devolver os trilhões que acolheu e escondeu ilegalmente.
Agora, com base em documentos indiscutíveis, o governo
(justiça) da frança, processa essa sigla no país. Para começo de conversa e a
tentativa de se defender, o HSBC terá que depositar 3 bilhões e 200 milhões de
reais.
Antes mesmo da façanha dos jornalistas
investigativos, o HSBC da Suíça já era suspeito de irregularidades. E as
acusações “respingaram” no HSBC do Brasil. Negaram qualquer ligação com a
Suíça. Então por que usam a sigla?
Mercadante, o desperdício
Na vida pública brasileira, não se conhece alguém
que tenha forjado fora tantas oportunidades Senador em 2002, assumiu com a
certeza (própria) de que seria ministro da Fazenda. Nunca foi chamado.
Candidato ao governo de São Paulo (quase a véspera de na campanha presidencial)
foi derrotado duas vezes, em 2006 e 2010.
Líder do governo Lula no Senado, inesperadamente
pediu “demissão irrevogável”. Vexatoriamente o então presidente não aceitou,
disse publicamente: “No meu governo quem diz o que é irrevogável sou eu”.
Mercadante concordou.
Em 2010, sem mandato e sem credibilidade, ficou
surpreendido ao ser nomeado Ministro da Casa Civil, apesar do protesto do
próprio Lula. Mercadejou com a incompetência habitual, todos “pediram sua
cabeça”. Dona Dilma resistiu até anteontem, quando foi afastado ditatorialmente
de qualquer articulação política. Manteve a parte administrativa que é menos do
que nada. Seu aniversário será no próximo 1º de maio. Se ainda estiver no
cargo, festejará mais do que a própria data. Será difícil.
Depois do depoimento-confissão na CPI, só o PT
ainda acreditava na inocência e na liberdade do tesoureiro. Não o PT como um
todo, os três grupos que dividiam o partido. 1-Pela demissão pura e simples. 2-
Renuncia. 3- licenciamento. Não se acertaram, podiam ter se livrado da
cumplicidade, preferiram acreditar em milagre.
Agora não sabem o que fazer, o que mais se ouve no
Instituto Lula, é, “homem bomba”. Não sei. Mas ele está em situação
insustentável. Todos os maiores protagonistas da “delação premiada”, citaram
Vaccari.
E ao contrário de comentaristas de televisão que
disseram, “na CPI não se pode mentir”, na “delação” é que os privilégios são
arruinados por causa de mentira ou informações “falsificadas”.
Agora Vaccari não escapa das acareações
obrigatórias, comprometeu a cunhada, (que está sendo procurada para ser presa),
colocou o PT, Lula, Dona Dilma e mais uma porção de personagens em situação
desesperadora.
Pedir demissão agora, para não ser expulso, é muito
tarde. Além do mais, recebia propina desde 2004. No PT, ninguém sabia de nada.
PS- Temer, o novo interventor político do governo do
PT, trabalha intensamente para ampliar a repercussão do seu novo poder, atuando
pessoal e politicamente. Gostou tanto da charge do Chico Caruso, que quer o
original. Falta um intermediário.
PS2- Politicamente colocou á mão, na sua agenda:
“Conversar com Lula e FHC”. Depois acrescentou: “É importante decidir quem
ouvirei primeiro”. Lula está inteiramente perdido, FHC não é consultado nem
pelos líderes do PSDB.
PS3- Anteontem, primeira reunião de Temer, como
coordenador político do governo do PT. No luxuoso e quilométrico Palácio do
Jaburu. Ele na ponta da mesa, os “Outros”, onde conseguiram se sentar.
Incluindo o Líder do governo na Câmara, e o líder do PT também na Câmara. E lá
longe deslocado, Rui Falcão, presidente do PT.
PS4- Eduardo Cunha tinha muitos motivos para nomear
líder na Câmara, um inexpressivo Picciani. Agora é o porta-voz-velado dele.
Leiam ou ouçam o que ele disse, que o antigo lobista não queria encampar a não
ser nos bastidores.
Comentários
através do e-mail: blogheliofernandes@gmail.com
Querido
Helio,
Em 1995 na
Tribuna, de papel , foi escrito um brilhante artigo por ocasião das
"comemorações" dos 30 anos da Rede Globo, e um fato que chamava
atenção era o de que a emissora não nascera em 1965. A data foi escolhida na
medida para fugir do fantasma do golpe de 64 que ela tanto apoiava. Poderia
comentar ou relançar este artigo elucidativo.
Saudações!!!
Marcelo
Oliveira.
...
Mestre
Helio Fernandes,
Começo agradecendo a gentil resposta.Sempre bom contarmos com
um jornalista que assistiu tanto de perto ,ainda com força mental ,a dividir
conosco seu tesouro.
Vou perguntar por
mais um "Se" histórico. Carlos Lacerda
relata,em seu "Depoimento" sobre visita de Juracy Magalhães na qual
este dizia ser o candidato ideal pela UDN,pois contando com o apoio do
Presidente JK (Lacerda diz que ,em Lisboa,JK confirmou o "acordo" com
Juracy).
Juracy fosse o
candidato da UDN contando com o apoio de JK seria eleito? Sabemos (penso poder
dizer assim) que não haveria renúncia e tudo o mais que houve depois.
Em sua
opinião,Lacerda errou na aposta da candidatura Jânio?
Saudações do
Pawwlow.
...
Na
matéria Tudo sobre o impeachment (Folha de São Paulo do dia 4) o box "O
Impeachment de Fernando Collor" tem, a meu ver, um colossal show de
equívocos que a má vontade e rancor da imprensa insistem em tentar perpetuar,
mantendo desinformada ou má-informada as novas gerações. 1) A matéria da
Veja(não se sabe porque a Folha omite o nome da publicação), com denúncias de
Pedro Collor, contra o irmão presidente da República, não provava
nada.Eram palavras ressentidas de um entrevistado já com doença avançada.
A "reportagem" serviu de pretexto para os algozes de Collor,
derrotados por ele nas eleições instalar a CPI do PC Farias; 2) O carro,
Fiat Elba não "ficava à disposição de Collor". Era usado para fazer
serviço administrativos da Casa da Dinda; 3) Quando Collor renunciou ao
cargo, estava consumado o golpe contra o primeiro Presidente da República eleito
pelo voto direto, depois dos governos militares; 4) Porém, para a manada de
derrotados nas urnas por Collor a vingança não era suficiente. Resolveram
apunhalar mais uma vez a Constituição e, sob as luzes dos refletores das
televisões, resolveram levar a canalhice e a sordidez adiante e cassaram os
direitos políticos de Collor por 8 anos.
Limongi Netto.


