ROGER MCNAUGHT - Atualizado às 12h33 -
Terça-feira, dia 6 de dezembro, o dia da votação de parte do
“pacote de maldades” proposto pelo governo do estado do Rio de Janeiro na
Assembleia Legislativa.
O ato se iniciou pacificamente às 10 horas da manhã, com
discursos inflamados questionando a legitimidade de várias figuras do cenário
político e judiciário do Estado quando, durante uma ação de alguns
manifestantes para garantir acesso às galerias e assistir a votação, policiais
do Batalhão de Choque iniciaram seguidos disparos de armas de baixa letalidade
contra os manifestantes.
Enquanto alguns manifestantes reagiam à violência do choque,
alguns homens deste batalhão implementam um plano infeliz: atirar das janelas da igreja que fica ao lado
da Assembleia Legislativa. Durante
aproximadamente uma hora os policiais do choque utilizaram as janelas do
segundo andar da igreja para lançar bombas de gás, balas de borracha e outros
itens em manifestantes atraindo imediatamente a ira de diversos idosos e
transeuntes, possivelmente católicos, que imediatamente classificaram a ação de
“sacrilégio”.
Com a ira de pessoas que até aquele momento não estavam em
confronto, o caos se alastrou pelo centro da cidade, chegando inclusive ao
edifício onde funcionava a vice-governadoria, hoje em reformas para abrigar
instalações da Assembleia Legislativa – conhecido como “Banerjão” que se tornou
alvo da ira popular tendo os tapumes de obra arrancados e derrubados, e uma
retroescavadeira pertencente à obra incendiada.
Em diversos pontos do centro havia nuvens de fumaça negra
subindo aos céus provenientes da queima de barricadas para impedir o avanço de
viaturas do choque, e também das 3 viaturas conhecidas como “Caveirões” que ali
estavam disparando seguidamente pelas ruas em manifestantes e até mesmo
transeuntes.
A arquidiocese emitiu uma nota onde estaria apurando o que
de fato ocorreu na igreja que foi utilizada pelo Choque para lançar projéteis
contra a população, mas o boato que rapidamente se espalhou seria de que o
padre e pessoas da administração da igreja haviam sido ameaçadas pelos
policiais do Batalhão, o que constituiria não apenas um ataque à liberdade de
manifestação mas um ataque fundamental à religião católica e à fé dos
católicos. Se confirmado o boato, será
mais uma mancha lamentável na carreira fétida de grupos que utilizam dos
poderes policiais da PMERJ para implantar o terror e agredir pessoas por
sadismo.
Como não poderia deixar de ocorrer, as gafes também marcaram
as ações desastrosas das forças repressoras da PMERJ nesta terça-feira,
iniciando pela péssima escolha de levar a cavalaria para locais pouco
adequados, colocando os animais (equinos) em risco de quedas e fraturas,
passando pelo péssimo “tiro pela culatra” – onde durante a insana perseguição
promovida por um dos caveirões à manifestantes os policiais tiveram de sair
rapidamente do veículo, pois uma das bombas de gás estourou lá dentro – e
finalizando pelo uso de máscaras hospitalares por oficiais da PMERJ (seria
falta de máscaras adequadas ou modismo?).
O ato se encerrou com mais violência, policiais em viaturas
fazendo rondas aleatórias, disparando e agredindo pessoas numa caçada insana
para efetuar detenções uma vez que o ato já havia terminado. Houve vários feridos e alguns detidos que
foram levados para a 9ªDP na Glória.