3.12.16

1 - FEIRA DA REFORMA AGRÁRIA ACONTECE A PARTIR DE SEGUNDA NO LARGO DA CARIOCA; 2 - “NO ATUAL MOMENTO, SÓ CABE APROFUNDAR ORGANIZAÇÃO E LUTA DE MASSAS”, APONTA STEDILE

REDAÇÃO -

Feira Estadual da Reforma Agrária acontece a partir de segunda no Largo da Carioca.


Entre os dias 05, 06 e 07 de dezembro será realizada a VIII Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, no Largo da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro. Este é um evento de exposição e comercialização de produtos da Agricultura Familiar Camponesa dos Assentamentos da Reforma Agrária, realizado pelo Movimento Sem Terra – MST.

Serão comercializados em torno de 150 toneladas de alimentos, com variedades de produtos vindos de vários assentamentos da Reforma Agrária. Cerca de 130 agricultores do Rio de Janeiro e 20 representações dos demais estados do Sudeste do Brasil estarão presentes na feira divulgando suas produções in natura e industrializadas das cooperativas de Reforma Agrária de diversos estados do Brasil.

A feira trará diversidade de produtos como variedades de arroz, suco de uva integral, frutas, polpas de frutas, feijão vermelho e de corda, legumes, verduras, produtos derivados de cana-de-açúcar (açúcar mascavo, melado, rapadura), ervas medicinal,  fitoterápicos e fitocosméticos. A agroecologia é um dos princípios, por isso, parte da produção que vem dos assentamentos são agroecológicos ou estão em transição.

Na programação encontramos Shows, Intervenções Culturais, Seminários e Oficinas com temas como: Agrotóxicos e Impactos na Saúde Humana e Soberania Alimentar, Oficina produção de Fitoterápicos e Fitocosméticos entre outros.

História da Feira

A Feira foi batizada com o nome " Cícero Guedes" em 2013, em homenagem ao agricultor e militante do MST assassinado por pistoleiros no dia 25 de janeiro de 2013, nas proximidades da Usina Cambahyba, no Município de Campos dos Goytacazes (RJ).

Além de uma grande liderança na luta pela Reforma Agrária, Cícero Guedes era considerado uma referência em conhecimento agroecológico, por conta das técnicas agrícolas sustentáveis que utilizava no Assentamento Zumbi dos Palmares,  tendo sido também um importante colaborador de vários projetos de pesquisa e de extensão da Universidade Estadual do Norte Fluminense.

Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes vira Lei

A partir do ano passado a feira se tornou evento oficial do município RJ. A lei 5.999/2015 de iniciativa do deputado Renato Cinco, “Reconhece como de interesse Cultural e Social para o Rio de Janeiro a Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes. (informações MST)

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Dirigente do MST participou de uma conjuntura política durante a Assembleia Continental dos Movimentos Sociais da ALBA

O dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, fez uma análise sobre o conjuntura política da América Latina, no espaço “Momento político: neoliberalismo, neodesenvolvimentismo e socialismo em nosso continente”, durante a Assembleia Continental dos Movimentos Sociais da ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos das Américas).

Stedile realizou uma importante reflexão sobre a correlação de forças na América Latina e o mundo, sinalizando que esta deve ser sempre coletiva, e não individual.

O militante brasileiro lançou alguns elementos provocativos para a discussão. Assim, pontuou que “todo nosso território continental – a exceção de Cuba e outros poucos processos – são dependentes do capitalismo mundial”, e isto influência, notoriamente, na economia de nossos povos.

“O modo de produção capitalista está em crise”, disse Stedile. Ele explica que, entre outras coisas, “1% das empresas do mundo já não significa, nem sequer como um ímpeto, nenhum tipo de progresso para a humanidade”. Segundo esta opinião, “o capitalismo também vive uma grave crise do processo de acumulação” e, como consequência dessas realidades, se acentua uma crise social generalizada, já que “os capitalistas põem sobre as costas dos trabalhadores a recuperação do capital e do lucro”.

Crise ambiental

Outro elemento sinalizado por Stedile aborda a “crise ambiental profunda”, na qual “se pretende privatizar desde o petróleo e o gás até a água”. Sobre o último, apontou que “a água é hoje um elemento mais caro que o petróleo, e, de fato, a multinacional Coca-Cola ganha mais em um ano com água que com refrigerantes”.

Nesse panorama de retrocesso ambiental não podia faltar o dado de que “todos os anos são despejados 5 bilhões de litros de venenos sobre a terra, o que deriva em mais câncer e mais mudanças climáticas”. Enquanto isso ocorre, seguem subindo as temperaturas em 300 cidades que estão no litoral, que poderão desaparecer, entre elas Rio de Janeiro, pontuou o dirigente.

Políticas e valores

Logo, a análise avançou sobre a “crise política”, que vem parindo Estados falidos que não garantem democracia, e menos ainda através da ideia de que “o voto de cada cidadão ou cidadã é igual a outro”. “Hoje, na política atual, a única coisa que vale é o dinheiro, tudo se compra e tudo se vende”, aportou Stedile.

O militante do MST também abordou a “crise de valores”, pontuando que, em outros tempos, os mesmos eram o de trabalho e de organização, e “agora nada disso interessa e só priorizam o consumismo e o individualismo”. Além disso, indicou que “nenhuma sociedade pode se construir com base nesses valores”, e ironizou: “nem todos podem querer comprar um carro, já que não vai existir, em um curto prazo, caminhos para esses veículos”.

Stedile ratificou uma questão que vem trabalhando ultimamente, e que tem a ver com marcar claramente que nesses momentos em que as direitas regionais imperialistas estão em plena contraofensiva, e que vale a pena insistir que “tanto o neoliberalismo, o neodesenvolvimentismo e a própria esquerda estão em crise”.

No Brasil e na Argentina, disse, “foram derrotados os governos neodesenvolvimentistas, não porque fossem processos revolucionários, se não porque o capitalismo necessita, em sua voracidade, o capitalismo necessita controle absoluto”.

Desafios

Finalmente, entre os desafios desta etapa para as organizações populares, Stedile marcou três pontos. O primeiro é “construir, em cada país, as plataformas que mostrem a nossos povos como enfrentar o capitalismo e o imperialismo. E, também, como construir o socialismo”.

O próximo é que “é tempo para nossos militantes fazerem o trabalho profundo na formação ideológica. Por fim, “construir nossos próprios meios de comunicação de massas, e também desenvolver formas culturais criativas – desde o teatro até a música –, para que contribuam em tarefas formativas”.

Stedile ainda homenageou Fidel Castro, sinalizando que o dirigente revolucionário cubano “sempre soube organizar o povo para lutar e isso hoje é o central: aprofundar a luta de massas contra o capitalismo e o imperialismo”. (informações Brasil de Fato)