14.2.14

BOLSONARO ESTÁ FORA DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS

Via Portal Vermelho -
O Partido "Progressista" (PP) decidiu, após reunião da cúpula, que não irá indicar o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) à Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e nem mesmo disputá-la. Com medo de ter a sua imagem desgastada frente à opinião pública, partido desiste de indicar deputado à CDHM. O partido divulgou ter mais interesse na Comissão de Minas e Energia.
A avaliação do partido é de que haveria um desgaste muito grande para a imagem da legenda, principalmente depois do dia 11, quando ativistas dos Direitos Humanos promoveram um beijaço dentro da Câmara dos Deputados em repúdio à possível indicação de Bolsonaro para a CDHM.
Desde a semana que o parlamentar resolveu assumir que tinha interesse em presidir a comissão, fez várias declarações provocativas. Entre elas, a de que as pessoas “teriam saudades da presidência de Marco Feliciano (PSC-SP)”, dando a entender que seria mais obscurantista do que o pastor-deputado. Em outro momento, Bolsonaro disse que “nem gays, nem os índios” iriam atrapalhar o seu trabalho caso fosse eleito.
Há uma grande expectativa para se saber quem vai assumir a presidência da comissão. Na rede, existe uma campanha que pede para que a vaga seja assumida pela deputada Erika Kokay (PT-DF). Em conversa com Fórum, tanto Erika, quanto o deputado Henrique Fontana (PT-RS) declararam que a CDHM é uma prioridade do Partido dos Trabalhadores. A questão será resolvida na semana que vem, quando os partidos irão indicar os seus nomes às respectivas comissões.

Retirada da indicação de Bolsonaro é vitoria da juventude brasileira

Após o beijaço realizado por mulheres da União da Juventude Socialista (UJS), na Câmara Federal, na terça-feira (11), o Partido Progressista (PP) retirou a indicação do nome do deputado federal Jair Bolsonaro à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Casa (CDH). Em entrevista à Rádio Vermelho, Maria das Neves, diretora de Jovens Feministas da UJS, comemorou a decisão e deu detalhes da ação. 
“Não somos héteros, nem lésbicas, somos livres”, disseram em alto e bom som as jovens feministas durante o protesto contra a indicação do parlamentar à presidência da CDH, na terça, também munidas de cartazes e entoando palavras de ordem.
O ato chamou a atenção de quem passava no local, inclusive do próprio Bolsonaro, que após o beijaço fez questão de ir ao encontro das manifestantes para enfrentá-las “com piadas machistas e sem graça”. Elas entregaram a ele o cartaz da campanha iniciada pela UJS “Mais Amor, Menos Bolsonaro” afirmando “Bolsonaro, os direitos humanos não precisam de você”.
“Iniciamos a campanha ‘Mais amor, menos Bolsonaro’ que contagiou as redes sociais e que gerou a nossa ação no Congresso Nacional”, destacou Maria, revelando que a ação planejada seria maior. Porém, o ônibus com a juventude foi impedido de ter acesso ao Congresso e os seguranças das casas legislativas foram acionados para impedir a entrada de um número maior de jovens. Mesmo assim, cinco mulheres conseguiram entrar e, enfim, promover o beijaço. Além de Maria, também participou Luiza Caveltte, estudante de ciências políticas da UNB.
Segundo informações de Maria das Neves, que visitou a liderança do PP para entregar o cartaz da campanha e apresentar o posicionamento da UJS contra a nomeação de Bolsonaro, a cúpula do PP anunciou na quarta (12) que não vai indica-lo para comandar a Comissão e que não há interesse em ocupar essa comissão, mas sim a Comissão de Minas e Energia.
Para Maria das Neves, o protesto foi uma demonstração da força dos movimentos de juventude: “A gente mostra que é com ousadia da juventude, que durante toda a história do nosso país ajudou a mudá-la e a combater tudo o que há de mais negativo, de retrocesso. Mais uma vez a juventude esteve atenta para impedir que esse grande erro acontecesse novamente. Já houve um grande equívoco com o Feliciano e isso não poderíamos permitir que novamente acontecesse”. 
Bolsonaro é um velho conhecido dos movimentos defensores dos direitos humanos mas, como representante da ditadura militar, da tortura, dos que são preconceituosos e contrários a união homoafetiva, dos que defendem a redução da maioridade penal. Ou seja, tudo que representa o retrocesso na trajetória dos movimentos ligados à luta pelos direitos humanos.
Em 2013, o pastor evangélico e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) presidiu a Comissão representando um grande retrocesso para os movimentos sociais, como LGBT’s, índios e negros, que não tiveram representatividade na Comissão. O “Fora Feliciano” foi uma das palavras de ordem mais repetidas nas ruas por conta de seus posicionamentos classificados como homofóbicos - contra gays, lésbicas e transgêneros - e preconceituosos.
Das propostas mais polêmicas que chegaram a entrar na pauta da comissão, destaque para três projetos defendidos pelos evangélicos: o que permite a psicólogos a tentativa de “cura” de homossexuais, o que penaliza a discriminação contra heterossexuais e o que torna crime a homofobia. Nesse último caso, Feliciano atuou para engavetar a matéria.
“A UJS neste ano realiza seu 17º Congresso e completa 30 anos. Em 30 anos, não pode se contar a história do Brasil sem que se encontre nela as digitais das vitórias que a juventude obteve, as digitais da UJS. Poderemos dizer daqui um tempo, se isso foi uma vitória, sem dúvida nenhuma contou com apoio da juventude brasileira e com o protaginisto da União da Juventude Socialista”, ressaltou Maria.