HELIO FERNANDES -
O conceito é lendário e irrefutável: “Não há ninguém mais conservador do
que um Revolucionário no Poder”. Os exemplos são inumeráveis. Os heroicos
Tenentes de 1922, 24 e 26, tomaram o poder em 1930, implantaram as “capitanias
hereditárias”, ficaram a vida toda.
A União Soviética só durou 74 anos, por causa de Stalin que começou como
herói terminou seus dias até falecer na cidade que tinha seu nome
(Stalingrado), foi obrigada a transformação, exigência popular.
Agora aparece um jurista chamado Luiz Edson Fachin, que explicou suas
convicções para garantir uma vaga no Supremo. Como aqui, a sabatina virou
rotina, apesar das 12 horas de perguntas e respostas.
Fez peregrinação inédita e até constrangida pelos mais diversos
gabinetes. Ia dizendo o que achava que agradava o interlocutor (que palavra)
propôs humildade.
Foi procurador e advogado ao mesmo tempo garantiu: “Isso era legal
quando exerci os dois cargos, e a legislação proibindo, só veio depois que não
estava mais”. Rigorosamente verdadeiro. Mas devia ter percebido que era legal
mas aético, contraditório, faltou sensibilidade e intuição.
Sempre defendeu que o marido (ou esposa) deviam receber herança dividida
com a (ou a) amante. Foi o que chamaram de “bigamia”.
(Com isso, o jurista quase no Supremo, se iguala e se compara com a
doleira Nelma Kodama, que já condenada a 18 anos de prisão, foi depôs na
Lava-jato, e exaltou o amante, também doleiro Youssef. Cantou até “amada,
amante”, sabidamente aura e exaltação de Roberto Carlos sobre o assunto).
Fachin, desmentiu a ele mesmo, com uma afirmação vaga, e fútil e com
comprovação: “Defendo a família tradicional”. Então é a partir de agora. Vale
para o futuro, no Supremo?
Sempre dúbio, controverso, inteligível antes ou agora: “Pensou
exatamente como as pessoas que desejam o bem do país”. Lógico, não iria dizer
ao contrário. Achou que se comprometia, acrescentou: “Mas preservo o interesse
privado e particular”. Isso naturalmente para desfazer criada com a sua não
desmentida ligação com grupos invasores de terras.
O analista-comentarista Marcelo Coelho, fuzilou: “Artes da
sobrevivência. Qualquer tema rendia frases composta de compromisso real”.
Diante dessa análise, o esquerdismo que alguns adeptos viram no
candidato, desabou.
Apesar das 12 horas, muito precárias os
interrogatórios e contestações. Rui Barbosa assimilou tudo da Constituição dos
EUA. Ficaria surpreendido que termine num dia e na votação. Já, quando foi
escolhida a primeira mulher, mais de seis meses de verdadeira devassa.
O primeiro negro foi aprovado, depois de 22 meses de investigação,
agravada pelo preconceito do país.
A única possibilidade de não ser aprovado: falta dos 41 votos
necessários. Mas se o senador Renan, Romero, Jucá, Eunicio Oliveira, a
suplente, mulher do senador-ministro Eduardo Braga, estiverem a favor o quorum
será naturalmente obtido.
Mas o senhor Luiz Edson Fachin será um ministro do Supremo, num ponto
fora da curva, nem poder ser medido por régua e esquadro, mas aí nada pode
atingi-lo.
Chegou até manter algum apoio. Depois perdeu. Saiu de Downing Street 10,
desapareceu.
Levados por entrevistas não muito definidas ou até contraditórias os
dois Institutos de Pesquisa de Londres não conseguiram. Durante toda campanha e
até mesmo na boca de urna, não se afastavam do empate. Não eram obsessivos mas
determinados. Com o resultado os trabalhistas terão que governar com coalizão.
Absolutos para governar sozinho não hesitaram, se desculparam com o
público: "Temos que reestudar o que fazer". E os líderes
Trabalhistas, t-o-d-o-s, pediram Cemincoc.
1- Como manter o Reino Unido? 2- Ficar na UE, com os parceiros
insatisfeitos, ou sair com a Grã-Bretanha possivelmente.
PS- O prédio dos Correios, agora notável
Centro Cultural, ali próximo a Rua Primeiro de Março, é lendário, legendário,
extraordinário. Quem tiver tempo ou mesmo que não tenha, "invente-o",
o prazer e a beleza serão enorme recompensa e satisfação.
PS2- E a partir de anteontem, nova atração sem limites, mas em matéria
de fotografia, basta o nome jornalístico e profissional: Ana Carolina
Fernandes. Ocupa todo o terceiro andar, dezenas de salas.
PS3- São 68 fotografias, começa com uma foto genial, vai passando de
sala em sala provocando admiração, termina com outras tão admiráveis quanto as
primeiras.
PS4- A exposição atravessa maio, conquista junho, funciona todos os
dias. Quando estiver olhando as fotos, saiba na estreia, um dos ícones da foto
no Brasil, Evandro Teixeira, olhou tudo, disse sumariamente: "Essa menina
botou pra quebrar".