CARLOS CHAGAS -
Se houve um vitorioso na votação da medida provisória 665 foi o vice-presidente Michel Temer. Afinal, mesmo por margem reduzida, a Câmara aprovou a maldade inicial da equipe econômica. Todos os demais perderam, e muito.
Começa pela presidente Dilma, objeto das mais grosseiras porém justas
acusações de haver traído promessas expostas na campanha, ao tomar a
iniciativa de cortar direitos trabalhistas. Se Madame não podia mais
sair à rua por conta da indignação popular, agora precisa evitar
assistir pela televisão as sessões da Câmara.
O PT também disputa a pole-position da rejeição nacional,
demonstrando que se continua partido, não é mais dos trabalhadores. Os
oito deputados que saltaram de banda e não compareceram, mais o único
que votou contra, foram derrotados pelos 55 traidores do passado,
algozes das prerrogativas sociais.
Perdeu também o PMDB, demonstrando estar sempre trocando convicções
por cargos no governo. O partido que já foi do dr. Ulysses agora parece
entregue ao doleiro Alberto Youssef, na medida em que faz tudo por
dinheiro. Mesmo assim, alguns de seus deputados rejeitaram o projeto.
As oposições também entram na fila. Não conseguiram maioria para
rejeitar a proposta celerada que reduz o salário-desemprego e o abono
salarial. Tudo indica que fracassarão na defesa das pensões das viúvas.
No DEM, colheram-se oito votos favoráveis ao governo, imaginando-se
quais teriam sido as benesses prometidas ou já concedidas pelo
vice-presidente.
Grande derrota, podendo ser calculada em milhões de reais, sofreu o
trabalhador. Precisará ralar quando estiver desempregado, perderá parte
substancial do abono capaz de minorar as agruras do salário mínimo, além
do risco de punição por ser jovem e viúvo. Ficará sem as pensões, mesmo
mantendo os filhos.
Em suma, nada de novo sob o sol, desde que o governo do PT aderiu ao
neoliberalismo, coisa vinda dos tempos do Lula no poder. Suas
Excelências continuarão faturando, sem fazer caso dos sete milhões de
desempregados existentes no país, lamentando, talvez, que a Força
Sindical os tivesse bombardeado com dólares falsos. Se fossem
verdadeiros, muito melhor.
REPATRIAR, NUNCA!
Calcula o Banco Central que pelo menos 52O bilhões de dólares
pertencentes a brasileiros ou estrangeiros aqui estabelecidos
encontram-se em paraísos fiscais, lá fora. Tivesse o governo vontade e
instrumentos e boa parte dessa quantia poderia ser repatriada. Bastaria
para resolver a crise econômica e serviria para a retomada do
desenvolvimento, tanto faz se com ameaças e punições ou mediante
promessas de anistia.
