Por KIKO NOGUEIRA - Via DCM -
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| A Marcha Pela Liberdade, rumo a Brasília. |
A agonia do pedido de impeachment do PSDB contra Dilma foi lenta e
terminou com um suspiro ao invés de uma explosão. Toda a vociferação do
deputado Carlos Sampaio e de Aécio Neves, todos os pareceres jurídicos, a
espuma, o gumex de João Doria, deram lugar à resignação.
Antonio Anastasia foi quem martelou o último prego do caixão na
segunda, dia 11, ao dizer que, até o momento, não via “elementos” para
sustentar a tese.
“Estamos aguardando, foi dito pelo presidente do partido, senador
Aécio Neves, que nós estamos adotando medida, verificando fatos, porque o
pedido de impeachment depende de elementos concretos para ser
apresentado” afirmou. “Aparentemente não existem, mas temos que aguardar
os desdobramentos. Tem questões ficais sendo discutidas com o Tribunal
de Contas da União”.
No auge da histeria panelística do impedimento, Anastasia seria
desautorizado por algum figurão do partido. Hoje, os tucanos parecem
mais preocupados com 1) a homenagem da Câmara do Comércio dos EUA a FHC,
em Nova York; 2) a boca livre da homenagem a FHC; 3) a sabatina de
Fachin.
O arrefecimento da vontade pessedebista deixa vários órfãos. Como eles puderam fazer isso?
Um grupo em especial vai sofrer mais pela falta de timing e pelo
sacrifício patético. O MBL, facção anti governo federal chefiada pelo
anão moral Kim Kataguiri, organizou uma tal Marcha Pela Liberdade.
Alguns gatos pingados estão indo a pé de São Paulo a Brasília para
livrar o cidadão de bem do socialismo, do bolivarianismo, dos médicos
cubanos. Os meninos “exigem” também o “repúdio ao Foro de São Paulo”, a
“concessão de asilo político a Leopoldo López” e o “fim das verbas de
publicidade estatal”.
A coisa teve início no dia 24 de abril e a chegada à capital será no dia 27 de maio.
A inspiração declarada é na Coluna Prestes e, veja só que modéstia
maior ainda, na travessia do Rubicão de Júlio César. Os revoltados
estiveram no Congresso no meio de abril, quando obtiveram de vários
líderes da oposição as juras de amor eterno. “Então tenho a dizer,
primeiro, que vamos atuar juntos sem preconceitos. E em segundo lugar
quero dizer que nesse momento começamos a fazer história”, declarou
Aécio, arrancando aplausos do pessoal.
Um mês depois, os kataguiristas tomam chuva e gastam a sola do Nike
absolutamente despercebidos (tudo com o apoio de um ônibus confortável,
bien sur, porque ninguém é de ferro. Nunca ficou claro quem paga essas
benesses).
Os marchadores são como aquele sujeito que foi para a guerra e, na
volta, encontra a mulher com sete filhos e casada com o vizinho. O PSDB
ainda terá de lidar com as vítimas de suas promessas e os kataguiris são
apenas algumas delas.
