DANIELA ABREU -
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| Na manhã de quinta-feira (07), a Chapa 20, formada pelos professores Roberto Leher e Denise Nascimento, começou perdendo, mas a vitória veio de virada. |
Diferente do que os chamados “Coxinhas” e toda a base tucana e uns tantos
outros tentam afirmar, o governo Petista está longe de ser um governo de
esquerda principalmente no que tange as instituições de ensino. A política
neoliberal que invade o campus Universitário desde a década de 90 se estabelece
nesses últimos anos de governo Petista. Após os áureos tempos de luta em defesa
da Universidade Pública, Gratuita, Autônoma e de Qualidade, que marcaram a
década de 90, viveu-se tempos de inércia e espera. Sem grandes resistências o
programa defendido pelo Banco para educação aos países da América Latina invade
os muros das universidades públicas.
No lugar de aumento real é implementado um sistema de metas, produzindo
forte concorrência dentro de setores de produção de conhecimento, além de
muitas terceirizações, parcerias público privado, e privatizações como ocorreu
com os Hospitais Universitários. Em contrapartida a verba para as Universidades
aumentaram nos dois mandatos do Lula e primeiro de Dilma somada a alguma
política de acessibilidade possibilitaram o aumento do quantitativo de
estudantes dentro das Universidades Públicas. Existia uma aparência de melhora,
mas o projeto que ganhava raízes não era popular e essa acessibilidade teria um
teto.
A nova ordem pós-eleição é cortar gastos, em um governo que governa para os
interesses das classes dominantes as primeiras verbas cortadas serão sempre da
saúde e educação. Foi assim no governo FHC dos tucanos é assim no governo Dilma
dos petistas.
A vitória de um representante da esquerda e da luta em defesa da educação
pública para reitor da maior universidade do Brasil torna-se um ponto de tensão
e pode levar a quebra da hegemonia neoliberal nas Universidades Públicas.
Roberto Leher e Denise Nascimento representavam um programa de ruptura com
os rumos atuais das Universidades no Brasil, o fato que esta ação radical
ocorrerá no momento de crise. Crise provocada pela política maior, falta de
verba não alcança os banqueiros nem latifundiários. Uma importante vitória que
mudará os rumos da história da educação brasileira.
Eleição pra lá de emocionante que teve um grande envolvimento de toda
comunidade universitária em todo o processo. A participação ativa dos três
segmentos revelou o esgotamento desse modelo e a necessidade de se buscar novos
rumos para as Universidades Brasileiras. A possibilidade de eleger um candidato
representante das políticas progressistas, conhecido como uma das principais
lideranças na luta contra a política neoliberal na educação Brasileira mexeu
com todos os agrupamentos de esquerda.
Roberto Leher, professor titular da Faculdade de Educação e do Programa de
Pós-graduação em Educação da UFRJ tem sua trajetória comprometida com os
movimentos sociais da área da educação, foi Presidente do Sindicato Nacional
dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) no período de 2000 a
2002 e presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ de 1997 a 1999.
A vitória da Chapa 20 “UFRJ Autônoma, Crítica e Democrática” obteve uma
margem maior que o dobro da outra se tratando dos votos reais, ou seja, se a
eleição fosse Universal. Atualmente a eleição é paritária, cabendo percentuais
iguais para os três segmentos da universidade. Uma eleição modernizada com 120
urnas eletrônicas a apuração foi ligeira para diminuir a ansiedade, foram
13.337 contra 6.580, com destaque aos 9.532 votos estudantis.
A nova reitoria enfrentará tarefas árduas a partir de julho, quando ocorrerá
a posse para os novos Reitores. Ficarão diante de uma universidade sem dinheiro
com uma realidade pífia a qual levou a suspensão provisória das aulas do
Colégio Aplicação nesta semana. Profissionais terceirizados estão sem
pagamentos há meses, muitos afirmam passar fome. Mesmo com as péssimas
condições a atual reitoria exigiu que o colégio voltasse a funcionar.
Desafios estão lançados, como romper com o neoliberalismo dentro da sua pior
fase, da falta de verba. A pasta da educação, mesmo com o lema atual “Pátria
Educadora” sofreu um corte de quase 600 milhões por mês.
Esse é o legado da Copa ou, os acordos internacionais nessa última eleição,
falta de verba de serviços essenciais para a classe trabalhadora. Para as obras
da Copa não faltaram verbas, com tanta preocupação com a corrupção, os
“coxinhas” de plantão deveriam fazer panelaço para uma CPI das verbas da Copa
do mundo, uma vez revistas podíamos realocá-las para a educação.
Toda revolução parte do princípio que será uma ruptura, toda ruptura provoca
dor, mas abre caminhos, que venha julho com sua primavera antecipada.



