INFORMAÇÃO LIVRE

20.5.15

A "GUERRA DO RIO" PARTE II. O CRIME DESORGANIZADO

ALCYR CAVALCANTI - 

Existe um crime organizado, alguns são presos e outros não. 
O Estado tem interesse em organizar o crime 
Não é o crime que se organiza a si mesmo 
Padre André Hombrados, 2008


Muito se fala em "crime organizado", mas no Rio de Janeiro quando analisamos sua face mais visível o narcotráfico, o que parece acontecer é uma grande desorganização no chamado mundo do crime, acirrado pela disputa dos pontos de venda de drogas, a varejo, e consequente domínio territorial. Amigos de hoje, inimigos de amanhã, conforme interesses eventuais, onde alianças são formadas e se desfazem com rapidez. É um salve-se quem puder visando somente as altas taxas de lucro resultantes da venda das "mercadorias do prazer". As disputas acontecem não só entre a maiores redes associativas Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos, mas em algumas ocasiões dentro das próprias redes, onde as dissidências são formadas, fazendo lembrar alguns grupelhos de uma falsa esquerda. O espírito de solidariedade frente às condições sub humanas que  motivou a criação da Falange Vermelha não mais existe, apenas uma corrida desenfreada pelas altas taxas de lucro uma verdadeira "indústria do crime". De uns anos até os dias de hoje houve um crescimento de grupos chamados Milícias, formados por policiais, ex-policiais, bombeiros agindo à margem da lei e cobrando taxas de proteção. Quem não pagar é sentenciado à expulsão de sua comunidade, ou mesmo à morte como castigo exemplar.

O narcotráfico é um fenômeno mundial. A ONU realizou em 1999 uma reunião para analisar e apresentar soluções para enfrentar o aumento dos níveis de criminalidade em todos os continentes, a "globalização do mal". O encontro foi em Palermo, na Itália onde especialistas de todo o mundo se reuniram na Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado, mais conhecida como Convenção de Palermo. No Brasil as normas foram adotadas em forma de decreto lei de março de 2004. No Rio de Janeiro, a política adotada é a repressão como finalidade absoluta e não como um meio para trazer a paz e a justiça social, ampliando os cinturões de segurança para dar aparente tranquilidade, em tempos de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.