Via Congresso em Foco -
Doutor em sociologia diz que onda de
protestos iniciada em junho de 2013 aponta para maior autonomia dos
movimentos sociais em relação ao governo e para uma ‘radicalização’ da
democracia.
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| Manifestação junho 2013 - Congresso Nacional - Brasília - DF. |
A onda de protestos iniciada em 2013, revigorada em março deste ano,
aponta para uma maior autonomia dos movimentos sociais em relação ao
governo do PT e tende a radicalizar a democracia brasileira, em vez de
suprimi-la. A avaliação é do doutor em sociologia Julio Roberto de Souza
Pinto. Professor do Mestrado em Poder Legislativo da Câmara, Júlio
entende que, nos últimos anos, houve uma ruptura no cordão que unia os
movimentos sociais e os chamados governos progressistas, tendência
iniciada ainda no governo trabalhista de Getúlio Vargas.
“Havia um pressuposto de que sindicatos e partidos, movimentos
sociais e governos operavam com a mesma ideologia, com a mesma
estratégia e tática, e até com o mesmo pessoal”, observa. Para ele, a
quebra dessa tradição no Brasil ficou clara nos protestos de junho de
2013 e nas manifestações de março deste ano, nas quais vários movimentos
sociais se uniram ao PT na defesa do governo contra “ameaças golpistas e
antidemocráticas”. Ao mesmo tempo, pondera, esses grupos protestaram
contra a perda de direitos trabalhistas e reivindicaram o aumento da
remuneração dos professores.
Para o professor, essa mudança é positiva porque força o governo e o
Legislativo a agirem e torna os movimentos sociais mais autônomos.
“Longe de apontar para o fim da democracia brasileira, pode ser o início
de sua radicalização”, diz Julio Roberto, em artigo escrito para o Congresso em Foco.
