O PT está
dividido sobre a possibilidade de requerer na Justiça o mandato da senadora
Marta Suplicy, que formalizou nesta terça-feira, 28, sua desfiliação depois de
33 anos de militância petista.
Formalmente
a decisão caberá ao diretório estadual, presidido pelo ex-prefeito de Osasco
Emidio de Souza, pois o mandato de senador é um cargo majoritário estadual.
Emidio já se posicionou diversas vezes a favor de o PT tentar retomar o mandato
de Marta.
Ele
argumenta que a senadora se recusou a dialogar com o partido sobre os motivos
de sua insatisfação e, portanto, não tem argumentos para alegar perseguição ou
diferenças ideológicas. Marta deu os primeiros sinais de afastamento na
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na qual dizia que ou "o PT muda
ou acaba". O presidente estadual foi encarregado de procurá-la para uma
conversa, mas Marta nem sequer teria respondido os pedidos para um jantar.
A posição
de Emidio é reforçada pela pressão da militância manifestada ao longo do dia
por meio das redes sociais e por alguns integrantes da direção nacional do PT.
Alberto
Cantalice, vice-presidente do PT e responsável pelas redes sociais do partido,
diz que há muita pressão nas redes sociais para que o partido peça o mandato na
justiça. "É direito do partido pedir o mandato e a militância quer isso. O
sentimento é este. Marta saiu por livre e espontânea vontade", afirma o
dirigente.
Por outro
lado, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, considera que a tentativa
de requerer o mandato de Marta na Justiça seria um erro político. Para Falcão,
não existe segurança de que a ação teria respaldo da Justiça, pois ao contrário
dos deputados, o cargo de senador é majoritário, pessoal. Entre os advogados
próximos ao PT existem muitas dúvidas a respeito da eficácia da ação.
Com base
neste argumento, o presidente nacional do PT alega que uma representação contra
Marta na Justiça Eleitoral poderia trazer desgaste ao partido sem a certeza de
um resultado favorável.
A senadora
poderia usar o longo processo judicial como palanque para fazer novos e
reiterados ataques ao PT e ainda posar como vítima do partido diante da opinião
pública. Além disso, Falcão argumenta que a decisão deve sair apenas em meados
do ano que vem, quando tanto Marta quanto o prefeito Fernando Haddad estarão em
plena campanha pela prefeitura de São Paulo.
Na próxima
terça-feira, 5 de maio, a executiva municipal do PT da Capital, ao qual Marta
era filiada, vai se reunir para avaliar o caso. A decisão será tomada em
conjunto pelas instâncias partidárias mas a palavra final caberá ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo interlocutores está mais
próximo da posição de Falcão.
Segundo
fontes petistas, o partido não deve tomar a decisão antes de Marta se filiar ao
PSB, o que só deve acontecer no final do mês.
Até lá o PT
está mais preocupado em dar uma resposta política à senadora. Os presidentes nacional,
e municipal, Paulo Fiorilo, divulgarão uma nota ainda nesta terça para rebater
os ataques feitos por Marta na carta de desfiliação. A maior preocupação do PT
em relação à saída de Marta é quanto ao impacto na candidatura de Haddad à
reeleição. Existe no partido o temor real de que ela atraia o PMDB, partido ao
qual seu marido, Marcio Toledo é filiado, e reduza consideravelmente o tempo do
petista na TV.
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