Via Congresso em Foco -
“Existe uma sombra coletiva terrível,
racista, fascista, homofóbica, egoísta nesse estilo de manifestação que
está acontecendo. Tem muita gente entrando nessa ‘vibe’ de ‘inocente
útil’”, diz atriz ao Estadão.
Atriz conhecida também por seu engajamento político, Letícia Sabatella
demonstra desconforto com as manifestações que levaram milhões de
brasileiros às ruas em março e abril. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo,
Letícia disse que não participou dos protestos pró-impeachment por
enxergar no movimento “uma manipulação extremamente errônea de uma
necessidade de mudança”. Para ela, falta consciência à maioria dos
manifestantes e sobram suspeitas em relação aos propósitos dos
organizadores das manifestações.
“Temos pelo que protestar, com certeza. Mas não se está consciente da
necessidade disso. E existe uma sombra coletiva terrível, racista,
fascista, homofóbica, egoísta nesse estilo de manifestação que está
acontecendo. Tem muita gente entrando nessa ‘vibe’ de ‘inocente útil’. É
como eu vejo. Mas claro que tem pelo que se lutar. Por exemplo, uma
reforma política urgente”, defendeu.
No início de março, a atriz pediu a retirada de um vídeo que
utilizava indevidamente sua imagem e de outros artistas para convocar os
manifestantes para os protestos do dia 15 daquele mês. O vídeo
original, na verdade, dizia respeito a uma campanha contra a construção
da Usina de Belo Monte. “Isto é mentira deslavada! De novo fazem mal uso
de nossa imagem”, escreveu em sua página no Facebook. “Por favor,
retirem este post com imagens do Gota D’água que manipularam para
fomentar este GOLPE contra a DEMOCRACIA do Dia 15! Eu, Leticia
Sabatella, não compactuo com isto!”, completou.
Na entrevista ao Estadão, Letícia também criticou as reações
de religiosos ao beijo gay das personagens de Fernanda Montenegro e
Nathalia Timberg, na novela Babilônia, da TV Globo. “É um boicote
fundamentalista”, classificou. “A não aceitação do amor verdadeiro como
ele acontece, a busca da felicidade legítima. A grande censura é
hipócrita. Ela quer que as pessoas finjam o que não são, que sejam
oprimidas mesmo”, acrescentou.
Militante dos direitos humanos, Letícia já se reuniu diversas vezes
com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e dirigiu um
documentário sobre os índios Krahô, no Tocantins. Também esteve no
Congresso Nacional para se posicionar contra a PEC do Trabalho Escravo.
