Via Rede Brasil Atual -
Ambulâncias tiveram dificuldade de se aproximar da Assembleia
Legislativa para socorrer feridos. 'Professores estão sendo
massacrados', diz sindicato. Vinte e cinco soldados foram intoxicados.
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Mais de cem pessoas ficaram feridas em
cerca de uma hora e meia de repressão da polícia do governador tucano
Beto Richa a servidores que protestam desde o início da semana contra um
projeto de lei que altera as regras de custeio da Paraná Previdência,
no Centro Cívico, em frente à Assembleia Legislativa. O projeto promove
perdas em direitos previdenciários do funcionalismo a pretexto de
socorrer as finanças do estado. Os professores, em greve, estão
acampados desde segunda-feira (27) no local.
Ambulâncias tiveram
dificuldade de se aproximar para socorrer os feridos, uma vez que a
Tropa de Choque da Polícia Militar fez um cordão para isolar o prédio da
Assembleia e lançou bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e jatos
de água.
A maioria das vítimas era composta de manifestantes: 107. Havia entre
os feridos idosos, crianças e deficientes. Uma senhora que se apoiava
nas grades do prédio da Assembleia foi alvejada à queima-roupa por um
disparo de bala de borracha no meio das costas enquanto a polícia
avançava contra os manifestantes.
O deputado Rasca Rodrigues (PV)
e um repórter foram mordidos por um cachorro da PM. Entre as forças de
repressão, 25 soldados intoxicaram-se com o gás lacrimogêneo lançado por
seus colegas.
O governo Richa é acusado pela oposição, que
tenta protelar a votação, de promover ação "truculenta", ao enviar
policiais militares para cercar a Assembleia Legislativa. “São
trabalhadores organizados fazendo uma mobilização não para conquistar
direitos, mas para não perdê-los. O governo não tem diálogo nenhum com o
setor público e ainda por cima manda colocar a polícia", disse o
deputado estadual Enio Verri (PT).
Os feridos procuraram refúgio
na prefeitura de Curitiba. “Parece uma praça de guerra”, publicou no
Twitter o prefeito Gustavo Fruet (PDT). No prédio do Executivo
municipal, a menos de 100 metros da Assembleia, servidores foram
obrigados a deixar seus postos de trabalho por causa do gás
lacrimogêneo. A todo tempo servidores apelavam para que a polícia
parasse de atirar. “Os professores estão sendo massacrados”, denunciou o
presidente do sindicato da categoria, Hermes Leão.
A maioria dos
deputados deixou o plenário, mas o presidente da Casa, Ademar Traiano
(PSDB), recusou-se a parar a sessão, que já tem os votos favoráveis de
31 dos 54 deputados estaduais.
Enquanto deputados governistas
falavam na ação de supostos black blocs, o deputado Nereu Ramos (PMDB)
ironizou: "São black blocs armados de giz e avental". O também
peemedebista Requião Filho foi mais realista: "Nós, como poder,
deveríamos nos envergonhar do que aconteceu aqui hoje".
Pouco
antes do início da sessão, os senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi
Hoffmann (PT) reuniram-se com lideres do governo e da oposição para
pedir que os deputados esperassem ao menos um parecer do Ministério da
Previdência solicitado pelo próprio governador antes de seguirem com a
votação, o que não demoraria mais do que alguns dias.
Gleisi
advertiu que um eventual parecer negativo pode impedir o Paraná de ter
acesso a repasses voluntários da União e inviabilizar uma certidão que
garantiria ao estado acesso a empréstimos. A base governista optou por
seguir com a pauta apesar dos protestos e da advertência de Gleisi. "Por
que a pressa?" questionou o deputado Anibelli Neto (PMDB). "Porque esse
governo quebrou o estado", respondeu ele mesmo.
O projeto de
lei em votação na Assembleia Legislativa foi encaminhado pelo Executivo
para alterar a previdência estadual. O governo paranaense quer tirar 33
mil aposentados com mais de 73 anos do Fundo Financeiro, sustentado pelo
Tesouro estadual e que está deficitário, e transferi-los para o Fundo
de Previdência estadual, pago pelos servidores e pelo governo, que está
superavitário.
*Com reportagem de Ricardo Gozzi e informações de Gisele Federicce (Brasil 247) e da Agência Brasil.
