HELIO FERNANDES - Via blog do autor -
Depois de oito meses de retardamento pela insegurança, dona Dilma mandou
para o senado o nome do 11° Ministro do Supremo. Tinha medo do veto de Renan,
fez acordo com ele, mais tranquila. Escolheu um advogado com citações
acadêmicas jurídicas, mas o fundamental não foi isso. E sim a vasta convivência
nos recantos do PT.
Radicalíssimo, Dona Dilma está precisando, indicou-o apesar da dupla
restrição do ex-presidente Lula. Este quis fazê-lo Ministro, ficou assustado
com sua paixão e ligação com o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra),
recuou, nomeou outro.
No primeiro mandato Dilma acenou com seu nome, advertida pelo ex-,
nomeou o mais importante.
Agora, com seu nome circulando e ele estranhamente visitando Renan,
gente mal informada e mal intencionada, tenta trocar a sabatina pela rotina. E
espalha: “Até hoje só houve um ministro votado, Barata Ribeiro, e assim mesmo
porque era médico”. Não sabem de nada. Em 1892, Floriano que assumira a
presidência, nomeou Barata Ribeiro para o Supremo. Vetado. Em 1893, nomeou-o
prefeito do Distrito Federal. Vetado.
O que levou o Senado a romper com Floriano, foi o fato dele estar no
governo sem legitimidade. A Constituição de 1891 determinava que se o vice
assumisse antes de completar os primeiros dois anos, devia convocar eleições
diretas em 60 dias. Floriano assumiu com oito meses, nem ligou para a
ilegalidade.
O fato de Barata Ribeiro ser médico, tolice de quem não sabe das coisas.
Em 1892, a exigência constitucional era só “saber jurídico”. E nenhum prefeito
precisaria de “saber jurídico” para administrar uma cidade.
E notável saber jurídico e ilibada reputação só passou a existir a
partir de 1926. Incluído por uma constituinte interna e “fajutada”, convocada
em 1924, num arranjo de deputados que sabiam que iam se reeleger.
Diante da intransigência de Floriano, Rui Barbosa falou a amigos: “Vou
entrar com uma proposta para obrigar a convocação de eleição direta”. Floriano
soube, chamou seu amigo Bernardino de Campos, (depois governador de São Paulo),
e mandou recado para Rui: “Se o Supremo conceder Habeas-Corpus para me tirar do
governo, quem dará Habeas-Corpus aos Ministros?”.
O advogado jurista Fachin deverá ser aprovado apesar da filiação
partidária, está aí Dias Toffoli que não deixa ninguém mentir. Como fez 57
anos, e a presidência do Supremo é exercida em rodízio, se a vida não
atrapalhar e o destino não complicar, será presidente do Supremo, chegando aos
dois últimos anos antes da expulsoria.
Terá que esperar quase 2 anos de Lewandowski, 2 de Carmem Lúcia, 2 de
Dias Toffoli, 2 de Luiz Fux, 2 de Roberto Barroso. Rosa Weber sairá antes de
ser presidente, idem para Teori Zavascki. Este provavelmente não presidira o
julgamento dos investigados da Lava-Jato até o fim.
Respostas
“Jornalista muito obrigado pela narrativa de suas relações com
Juscelino, antes de ser presidente, durante e depois, quando não era mais nada.
Fiquei emocionada com o desprendimento dos dois indo conversar depois de 10
anos de ausência.
Quero louvar também a forma como o senhor contou o pedido de desculpas
do ex-presidente, e o fato de aceitar imediatamente. O que está faltando no
Brasil, nos dois lados, atitudes como essas. Abraços, Geralda
Mascarenhas, Maceió”.
Você já disse tudo, Geralda. O repórter não podia recusar as desculpas,
de quem reconhecia o que aconteceu no seu governo, 10 anos antes. Só grandeza
dele.
Marco Antonio Pereira, você desperdiçou tempo, espaço enorme, praticou
total injustiça. Não fiz recomposição com ninguém, não esqueci tudo o que já
escrevi sobre O Globo. Citei o Merval, sem elogiá-lo, porque precisava
repercutir uma nota dele (revelação) sobre o indicado para o Supremo, não podia
deixar de colocar seu nome.
Você termina “aconselhando”, a que eu fale, lute, denuncie, combata. Não
faço outra coisa a vida toda. Tancredo Neves me levou como candidato a senador
pelo seu PP, declarando publicamente, “o Helio Fernandes é o jornalista mais
oposicionista da Republica”.
Os bravos “18 do Forte”, em 1992, foram para a rua combater o governo.
Nas areias de Copacabana, metralhados covardemente. O Tenente chegou no
Hospital do Exercito com a barriga toda enfaixada. O Presidente Epitácio Pessoa
deixou o Catete, foi visitá-los.
Parou na cama do Tenente, falou: “Tanta bravura por uma causa inútil”. O
Tenente rasgou todas as faixas, morreu na hora. Agora, a causa inútil é a tua,
mas apesar de tudo retribuo o abraço.
A bancada da bala
Eisenhower foi teleguiado do general Marshall, o verdadeiro comandante
americano na Segunda Guerra Mundial. Depois se destacou na invasão da Normandia
(chamada de segunda frente) dramática, terrível, desumana. Por causa disso foi
feito presidente, governou de 1953 a 1961, nada brilhante.
Mas ao sair da Casa Branca, deixou apenas uma frase, que ainda retumba
pelo mundo: “Agora eu sei porque o mundo é dominado pelo complexo industrial
militar”. Basta para examinar e condenar o formidável retrocesso do Estatuto do
Desarmamento. Os deputados que patrocinam essa mortandade, são provadamente
admiradores do 007, querem um pais dominado por não cidadãos “com licença para
matar”.
Resposta
Laura Macedo, RJ, coloca a seguinte questão: “Jornalista leitora
diária e compenetrada, estou confusa e gostaria de explicação. O senhor ataca
duramente a presidente Dilma, e ao mesmo tempo combate todos que defendem o
impeachment. Sou professora, desculpe, mas me parece contradição”.
Também peço desculpas, professora mas são duas coisas aparentemente da
mesma família, mas inteiramente diferentes. Dona Dilma é um desastre completo,
e para piorar, enganando a opinião publica, conseguiu se reeleger. E agora tem
que receitar para 200 milhões de brasileiros o remédio que quase matou a todos.
Quanto a isso, nenhuma duvida, são e serão praticamente 44 meses de
duvidas, incertezas, a quase impossibilidade de recuperação para o país.
Por outro lado, o impeachment não é solução para nada. É o golpismo mais
escancarado, pode levar ao poder gente igual ou pior do que Dona Dilma. E tão
grave quanto, pode trazer de volta os generais torturadores que fulminaram o
país por 21 anos. Como impeachment só pode haver contra quem esta no poder,
tenho obrigação de mostrar que as duas coisas que pela renúncia e pelo golpe
não se casam.
*Em virtude dos feriados teremos matérias repetidas nos dias 23, 24 e 25
de abril.
Comentários através do e-mail: blogheliofernandes@gmail.com
A crise que se instalou na ABI,
Soube por você aqui, estou estarrecido. Uma
instituição centenária, marcante por sua luta em prol das Liberdades, dos
Direitos Humanos, sempre atuando em defesa da sociedade. A ABI foi veemente e deu
grande contribuição para a volta do estado de direito, agora, está nas mãos de
pessoas insensatas, desfocadas do seus ideais, e ainda esfacelando seu
patrimônio. Uma sede gigantesca no centro do Rio de Janeiro, com andares
vazios, e instalações caindo aos pedaços. Não seria difícil dizer que essa
diretoria com o tal do Meireles, pode estar ali a serviço da direita que domina
os meios de comunicações, um EIRELI exTV Globo e agora comungando na TV Record.
O cara além de incompetente administrativamente, só vai na sede da ABI duas
vezes por semana. É um turista, esse novo presidente.
De que forma os jornalistas podem ajudar a
recuperar a ABI?
O que fazer Helio?
Faustino Benevides.


