CARLOS CHAGAS -
Nunca é
demais lembrar o provérbio árabe de que “bebe água limpa quem chega
primeiro na fonte”. Sua aplicação ajusta-se às eleições municipais do ano
que vem, não apenas o ensaio geral das eleições estaduais e nacional de
2018, mas uma empreitada em si mesma imprescindível. Não se tem
notícia de que PT, PMDB, PSDB e outros partidos estejam cuidando de
preparar-se, tanto para selecionar seus candidatos às prefeituras das
capitais e das grandes cidades quanto para preparar suas
representações nas câmaras de vereadores. Quem puder demonstrar
vitalidade no plano municipal terá avançado no rumo de tornar o país mais
equânime, justo e viável. Oportunidade ímpar surge na hora em que o Congresso,
mais uma vez, lança-se na tentativa de realizar a sempre tão falada e
jamais realizada reforma política. Tanto faz se haverá ou não redução do
número de partidos. Com ou sem cláusula de barreira, se os chamados grandes
partidos não se esforçarem para viabilizar 2016 em outros termos, perderão
espaço para dois anos depois.
Seria
fundamental para todos começar a elaborar programas para os municípios.
Demonstrar que sem ampla mudança nas regas fiscais, eles continuarão a
arrastar-se na falta de recursos e no endividamento crescente. Hoje, não há um
só prefeito, dos eleitos e dos reeleitos em 2012, do qual se diga estar
cumprindo suas promessas de campanha e recebendo a aprovação da maioria dos
habitantes de suas cidades. Nas capitais, como nos municípios menores,
as necessidades ultrapassam de muito as possibilidades de seus gestores.
Caberia aos
partidos, desde já, equacionar soluções institucionais, para
inverter o jogo e promover a redenção dos municípios. Já lembrava o dr.
Ulysses que ninguém mora na nação ou no estado, mas na cidade. Torna-se
necessário ouvir as associações municipalistas, dar a elas sua devida
importância e colher, nelas, subsídios para a reforma dos instrumentos de ação
local, tão ou mais importantes do que os estaduais ou nacionais. Boa
parte dos deputados e senadores, assim como dos governadores, já foram prefeitos.
Disporão de experiência e conhecimento bastantes para agir no plano
de uma reforma política voltada para as carências municipais.
CADEIA
NELES
As
sucessivas denúncias de roubalheira em setores diversos da administração
federal estão exigindo mais empenho dos tribunais na função de mandar apurar e,
conforme o caso, julgar e punir com mais rapidez seus responsáveis.
A Polícia Federal e o Ministério Público, mesmo de vez em quando se
estranhando, cumprem o seu dever. Juízes de primeira instância,
como Sergio Moro, também. Falta, porém, celeridade aos tribunais,
começando pelo Supremo. Sabemos que o ritmo é outro, determinado pela vasta
quantidade de recursos legais postos à disposição dos réus, mas, mesmo assim,
tardam decisões.



