18.4.15

É PRECISO MUDAR O REGIME

CARLOS CHAGAS-

Quando  liderava os  metalúrgicos do ABC, promovia greves e até foi parar na cadeia, o Lula  afirmava: “não basta aumentar salários, é preciso mudar o regime”.  Referia-se, por certo, ao regime militar então no poder. O tempo passou, os generais voltaram  para o quartel, o sindicalista fundou o PT e a CUT, virou presidente da República e até elegeu a sucessora.

E o regime? Vale a lição do passado: é preciso mudá-lo. Jamais com a volta dos militares, mas os trinta anos da Nova República que agora se completam conduzem à evidência da necessidade de mudanças profundas. Em especial depois da posse do Lula e da ascensão dos companheiros, generalizou-se a concepção de serem os governantes os  donos do Estado. As instituições  estão a serviço deles. Não são eles que servem. Servem-se. Acham natural usufruir das  estruturas públicas como coisa privada.

Tome-se as mais recentes denuncias de corrupção, atingindo os fundos de pensão das empresas estatais. Para dirigi-las, primeiro o Lula, depois Madame, indicaram  representantes em grande maioria do PT. Do palácio do Planalto e dos ministérios seguiam e ainda seguem  ordens para aplicação dos bilhões  arrecadados pela contribuição dos  funcionários.  Geralmente para ajudar empresas em dificuldade ou para apoiar programas e iniciativas à beira do colapso. Péssimos investimentos,  quase sempre, mas cumpridos à risca.  Resultado é que, para evitar a falência,  os fundos de pensão  dos funcionários da  Petrobras, Banco do Brasil,  Caixa Econômica, Correios e Furnas estão aumentando a contribuição daqueles que na realidade deveriam  dirigir  os empreendimentos para  garantia de melhores aposentadorias.

A confusão é entre o público e o pessoal. Botar os ladrões na cadeia torna-se  essencial, mas não basta se as coisas continuarem de acordo com teoria e prática do regime vigente. No caso específico dos fundos de pensão, os funcionários é que deveriam geri-los diretamente.

Não se chegará ao exagero de supor a supressão do Estado, substituído pelas corporações, mas estender-lhes o controle de suas atividades pode ser um bom começo. O que tem a ver a presidência da República com a decisão de trabalhadores de uma determinada empresa de se cotizarem para auferir, na aposentadoria, rendimentos superiores aos oferecidos pela Previdência Social?

TERÁ SIDO PARA VALER?

Os  beijinhos,  a condecoração e depois o jantar íntimo  no palácio da Alvorada esfriaram os ânimos belicosos entre a presidente da República  e o presidente da  Câmara? Até pode ser, mas o provável é que Madame e o deputado mantenham suas divergências, não apenas em função  da independência parlamentar, mas por conta  do processo sucessório de 2018. Se tivesse senso de humor, Dilma poderia ter mostrado à esposa de Eduardo Cunha os amplos  salões da residência oficial com  o  comentário de que ela poderia estar visitando sua futura morada...