CARLOS CHAGAS -
Enfim, a condenação dos oito primeiros implicados no escândalo da
Petrobras. A expectativa é de que outros sigam o mesmo rumo, em especial
os altos dirigentes das empreiteiras e os políticos envolvidos.
Sobressai o fato de que os dois por enquanto tidos como maiores
responsáveis pela lambança saíram das grades e cumprirão as penas em
suas residências, mesmo sujeitos a restrições. Tanto Alberto Youssef,
doleiro, quanto Paulo Roberto Costa, ex-diretor da petroleira,
beneficiaram-se da delação premiada, mas, ainda assim, receberam
sentenças compatíveis com seus crimes. Mais existem buscando facilidades
iguais, mas a ressaltar estão as condenações aplicadas pelo juiz Sérgio
Moro.
O singular nessa equação é que os detentores de mandatos
parlamentares, a ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal, não tiveram
sequer iniciados os inquéritos capazes de transformá-los em réus. Nem
ex-governadores e ex-ministros à disposição de outros tribunais. O
exemplo, no entanto, foi dado pelo juiz da primeira instância,
esperando-se que não demore a correspondente ação superior.
Pelo menos, fica claro que roubar já não parece tão fácil, em se
tratando do assalto a instituições do poder público. As quadrilhas
deixam de movimentar-se com a desfaçatez de antes. A impunidade continua
sendo questionada, como no caso do mensalão.
A pergunta que fica refere-se à culpa coletiva. Isoladamente, os
malandros foram em boa parte identificados, tanto os do meio empresarial
quanto os da política. Mas haverá, sobre eles, nuvens mais densas. Os
governos Lula e Dilma terão tido responsabilidade na roubalheira, ao
menos por omissão? O PT, o PP, o PMDB e outros partidos poderão ser
arrolados como coniventes? A novela não termina com o novo capítulo das
condenações.
DERROTA NÃO APENAS DO GOVERNO
Com a aprovação pela Câmara do texto que modifica as terceirizações,
salvo pequenas modificações, fica evidente a derrota do governo. Apenas
dele? Parece que não, porque o trabalhador vem perdendo mais do que uma
simples votação. Se podem ser terceirizadas todas as atividades, qual a
empresa que deixará de demitir assalariados que recebem quantias
compatíveis com seu trabalho para trocá-los por outros de menores
salários?
O projeto irá ao Senado, esperando-se venha a ser modificado, mas sendo a Câmara Alta mais conservadora, as dúvidas se acumulam.



