Por SOLANGE RODRIGUES -
Na ditadura empresarial militar, antes das alterações aberrantes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, quando fervilhava entre os professores e os normalistas o entusiasmo pelo método de alfabetização de adultos do professor e educador Paulo Freire, eis que surge no cenário nacional a campanha de alfabetização ABC, descida do norte, aliciando professores, estudantes, futuros professores, para subirem as favelas e, ao contrário de iluminarem as mentes com o método Paulo Freire, embotassem as mentes dos “pobres coitados que não devem tomar conhecimento da força que têm”.
Passam-se os anos, mas a ditadura fica.
Dilma lança em 2014 o projeto Pátria Educadora, com setenta por cento dos lucros do pré-sal para a educação.
Parecia-me estar vendo ressurgirem os ideais de Anízio Teixeira, Darcy Ribeiro, Paulo Freire e a gana de Getúlio Vargas, bem adornada com a arte de Villa-Lobos, na excelência da Escola Pública.
Desde Monroe: “A América, para os americanos”, seja a do norte seja a do sul, revitalizada nos anos setenta por Herry Kissinger, nada que seja bom e gere o desenvolvimento e a independência da América Latina, pode prosperar. Quando surge um cavaleiro ou dama da boa esperança dos povos latinos, um aborto deve ser provocado, para que rebentos orgulhosos, conscientes e saudáveis, não versejem e prosperem.
Inventaram um impeachment. O legislativo, o judiciário e a mídia, retiraram do comando da Revolução Educacional a Honorável Senhora, dando lugar aos abortistas da independência e da libertação.
Logo após o golpe, voltam à cena os mercenários da ditadura empresarial militar que apenas estavam nas sombras, passando-se por bons moços, esperando a hora para reiniciarem a trama pela derrocada do país. E com eles trouxeram os seus rebentos, boçais e inúteis, mas bem adestrados na cartilha do roubar e do entregar, por bom dinheiro, o que não lhes pertence.
Juntando-se a lei de desmonte da educação, vem o desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Fernando Henrique Cardoso, levou algum tempo mas conseguiu seu intento, a permitir que se possa terceirizar a educação.
Para quê professores? Bastam os “palestrantes” sem pedagogia para dizerem como vai ser a “nova” educação no Brasil. Só é preciso ouvir animadores dos EUA, jornalistas do Google, rentistas da Vivo e esteticistas da Natura.
Aí sim, a nossa educação estará perfeita: um bando de vira-latas sob a batuta do império, colocando no pescoço a corda que o vai enforcar e batendo palmas.
Caindo na real. Amanhã vamos ter um Brasil onde o maior tráfico não será de maconha, cocaína, craque, hábeas corpus ou sentenças e sim, conhecimento. Vamos ver encapuzados na calada da noite invadindo bibliotecas, cartórios, depósitos e deles retirando sorrateiramente, o que resta da nossa história, exibindo a cara dos nossos invasores e da oligarquia que os serviu.
* Via e-mail. Solange Rodrigues, é Professora, Jornalista, Escritora e Coordenadora de Filosofia do IDEA, Unitevê, Canal Universitário de Niterói – Universidade Federal Fluminense.



