CARLOS CHAGAS -
Começa hoje, na Câmara, a discussão e a votação da medida provisória
664, outra das maldades propostas pela presidente Dilma e pelo ministro
Joaquim Levy contra os direitos trabalhistas. Agora, suprimindo pensões
de viúvas.
As dificuldades para a aprovação crescerão na medida em que não
tenham sido publicadas no Diário Oficial ou garantidas em promessas do
vice-presidente Michel Temer as nomeações para 150 cargos de segundo
escalão na administração federal.
Não se trata, para boa parte dos deputados, de impedir que as viúvas
de menos de 40 anos desembarquem na rua da amargura. É o que menos
interessa. Derrotar a medida provisória significará reação por não terem
certeza das benesses almejadas. Nesse caso, Dilma, o governo e o PT
cairão mais fundo no precipício onde se encontram, em matéria de
ingovernabilidade e relações com o Congresso.
Faz muito que a Oração de São Francisco vem pautando as relações
entre Executivo e Legislativo, mas dessa vez a sinecura alcançou níveis
jamais atingidos. Argumentam os governistas que se as ´propostas do
ajuste fiscal deixarem de ser aprovadas, o país entrará em recessão.
Mentira. Em recessão já estamos, por conta de 50 mil demissões na
indústria só no mês de abril, como também pelo fato de cada vez
dispormos de menos governo. A política econômica desmente tudo o que
Madame pregou em campanha para reeleger-se, e a entrega das nomeações ao
vice-presidente Michel Temer significa estar o poder em mãos do PMDB,
com o consequente desembarque do PT das decisões de governo.
A situação está de vaca não conhecer bezerro. A aprovação da MP 664
nada significará senão a negativa do palácio do Planalto em cumprir o
ideário que elegeu Lula e Dilma, além do sacrifício adicional dos
trabalhadores. A derrota exprimirá que o dia seguinte conseguirá ficar
pior do que a véspera.



