11.5.15

PRAZO FATAL PARA A LISTA DE TEMER

CARLOS CHAGAS -


O governo Dilma perderá o restinho de governabilidade que ainda possui caso o Diário Oficial de hoje, no máximo o de amanhã, não tragam o nome dos 150 felizardos escolhidos pelo vice-presidente Michel Temer entre os partidos da base oficial para preencher a primeira leva de nomeações para o segundo  escalão da administração federal. A medida provisória 665, das maldades contra os direitos trabalhistas,  foi aprovada semana passada na Câmara por pequena margem de votos, mas apenas porque o coordenador político jurou de pés juntos que seriam atendidos de imediato os deputados dispostos a trocar votos por benefícios. Agora, estão cobrando a traição ao trabalhador e ameaçam não votar a medida provisória 664, de mais maldades contra os mesmos de sempre que pagam a conta dos desvarios econômicos do governo Dilma. Não saindo as nomeações, nada feito. A Oração de São Francisco precisará estar impressa antes que entre em pauta a proposta que extingue as pensões das viúvas com menos de quarenta anos e não tenham sido casadas por pelo menos dois anos com os falecidos maridos ou companheiros.

A gente se pergunta como as coisas puderam ficar piores do que já eram, indo a razão para o vaticínio do dr.Ulysses, de que “pior do que o atual, só o futuro Congresso”.  Votar contra prerrogativas sociais que se presumia imutáveis é uma vergonha, mas votar pela sua permanência apenas porque Suas Excelências não foram contempladas com sinecuras parece mais grave ainda.

As nomeações passaram do vice-presidente  para o chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante, encarregado de viabilizá-las. Ignora-se a hipótese de Madame participar da lambança, vetando ou acrescentando mais  privilegiados na lista do Temer, mas não há como deixar de concluir que se o restante do ajuste fiscal for derrotado, melhor seria para o governo pedir para sair. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, confirmava ontem a disposição de colocar em pauta a MP 654  amanhã à noite ou quarta-feira, e não ficará triste caso o Diário Oficial venha sem as nomeações. A cada dia que passa ele mais se convence de que o dedo do palácio do Planalto mexe no noticiário relativo ao inquérito que responde no  Supremo Tribunal Federal. Ficaria satisfeito com a derrota da nova maldade, não propriamente por preocupar-se com a sorte dos trabalhadores.

Em suma, a semana começa carregada, não só de esperanças para 150 eventuais  protegidos da bancada governista, mas também  de temores a respeito do que acontecerá diante da possibilidade de votações sem o cumprimento de promessas.