CARLOS CHAGAS -
Salvo engano, a pizza está no forno. Fica evidente que um juiz só não
faz verão, como a andorinha. Apesar de toda a diligência do juiz Sérgio
Moro, nove presos no escândalo da Petrobras acabam de ser soltos por
decisão do Supremo Tribunal Federal. Ficou um só, porque como os demais
que não são parlamentares, estão em casa, livres para acertar seus
depósitos fajutos no estrangeiro. Desconfia-se que tenham agido assim os
já beneficiados com a delação premiada, que cumprem suas penas em casa.
Mas tem pior. Os 42 deputados e senadores integrantes da lista do
Procurador Geral estão, teoricamente, sendo investigados por inquérito
judicial junto ao Supremo Tribunal Federal para apurar se também
participaram da lambança. Sendo esses inquéritos sigilosos, ignora-se
quem foi e quem não foi ouvido até agora, tudo a cargo da Polícia
Federal. Só que a Procuradoria Geral da República e os policiais
federais estão em choque, tendo o dr.Rodrigo Janot exigido que cheguem
ao seu gabinete detalhes das inquirições que a PF ainda vai fazer. Quer
informações prévias sobre o tempo, local e configuração dos atos, ou
seja, vai opinar até sobre as perguntas que serão feitas aos detentores
de mandato, para aprová-las ou não.
Em resumo, assim como no caso do mensalão, parece que salvar-se-ão
quase todos. Uma prova de que o ritmo de trabalho da mais alta corte
nacional de justiça continua em descompasso com os anseios da sociedade.
São essas coisas que desmoralizam o Brasil perante outras nações.
AJUSTE CAPENGA
Não será tão cedo que o Congresso apreciará as medidas do ajuste
fiscal propostas pelo ministro da Fazenda, mas a precedência será para a
supressão de direitos trabalhistas. Sinais inexistem de que deputados e
senadores apreciarão as medidas provisórias que suprimem regalias do
empresariado, como a que acaba com a desoneração das folhas de
pagamento. Deixou de ser apresentada pelo governo a medida provisória
que cria o imposto sobre grandes fortunas, assim como a que estabelece o
imposto sobre herança.
No dia do trabalhador, que continua dando as cartas é o patrão.
