HELIO FERNANDES - Via blog do autor -
Hoje politicamente, ninguém tem tanta obsessão pelo impeachment da
presidente Dilma, quanto FHC. Excluindo juristas, alguns sendo consultados mas
não contratados. Motivo: o contrato só é assinado e pago, se o parecer for
exatamente o que interessa ao contratante.
FHC poderia ter o impeachment pedido a Câmara, não garanto que teria
sido aprovado e ele, julgado pelo senado, presidido pelo presidente do Supremo.
Mas além da aprovação de que seu governo foi “um retrocesso de 80 anos em 8”,
sobrariam outras gravíssimas justificativas.
Pelo menos quatro acusações poderiam (ou deveriam) ser alinhadas contra
o então presidente. E nenhuma delas prescreveu, importantíssimo.
Criou a criminosa Comissão de Desestabilização. DOOU partes importantes
do patrimônio nacional. Em troca recebeu “moedas podres”, como denunciei
incessantemente enquanto ele estava no Poder. Impossível calcular o prejuízo
para o país.
2 – Tentou trocar o nome da própria Petrobras, que passaria a se chamar
PetrobraX, esse X seria um chamariz, uma espécie de senha para DOA-LA a
multinacionais. Diante da reação contraria. Como é de seu estilo e ação,
recuou, abandonou a ideia.
3 – Elevou os juros a colossais a 44 por cento, jogando a divida lá para
o alto, com essa remuneração estratosférica. É impossível saber quanto o país
se endividou e quanto perdeu. Basta uma operação aritmética. Quem comprou
digamos 1 milhão da dívida, e dois anos já teria o dobro. Como esquecer ou
inocentar um personagem como esse?
A divida impagável de hoje, cresceu e se transformou num total
insuportável, começou a atingir limites incalculáveis com FHC.
4 – finalmente, pela primeira vez na História da República, um
presidente foi reeleito. Comprou a permanência no Poder por mais quatro anos. E
pagou a vista. De onde surgiu tanto dinheiro para compartilhar o voto de 513
deputados e 81 senadores?
Sem falar que é o responsável pelo segundo mandato de Dona Dilma,
mandato que ele agora quer encurtar. A falta de alternância no poder se deve a
ele. Sem contar que a reeleição dificilmente acabará.
Embaixadores
Desde que foi criada a diplomacia oficial, (1940, Instituto Rio Branco)
pela primeira vez um embaixador de carreira é vetado. E o atingido, Guilherme
Patriota, intocável, filho de embaixador, irmão do também embaixador Antonio
Patriota. O cargo também importante, representante na OEA.
O que fazer? Não havia o menor rumor, o resultado da votação de 38 a 37,
surpreendente. Ele terá que ser indicado para outro posto, examinado pelo
Senado, será vetado? Complicação, confusão, hostilidade visível.
Fora do Itamaraty, alguns casos. Antes do Estado Novo, Vargas convidou o
grande poeta popular Gregório Mariano para embaixador em Portugal. No senado 23
a 22. Foi ao catete disse ao presidente: “Fui derrotado não vou mais para
Portugal”. Pragmático, Vargas respondeu: “Você foi aprovado, a Constituição não
estabelece a diferença da votação”. Foi, ótimo trabalho.
Em 1962 Jango mandou o nome do Presidente da importante Votorantin para
embaixador em Roma, (Berlin ainda não voltara a ser capital da Alemanha) e vetado, não se revoltou, afirmou; “Em outubro volto senador por Pernambuco”.
Voltou, convivência amigável e cordial com muitos senadores que vetaram seu
nome.
O último, José Aparecido, respeitadíssimo, com 31 anos poderoso
secretario particular do presidente Janio. Itamar mandou seu nome para
Embaixador em Portugal. Na Comissão de Relações Exteriores, festa, aprovação
por unanimidade. No plenário vitória por um voto, 26 a 25.
Explicam sempre, é um “recado” ao presidente. Pode ser. Mas como
conseguem controlar essa diferença de UM VOTO?
Resposta
Orlando Frida, Paulo Alberto Romualdo,
(desculpe se entendi errado), Aldo Travassos, Nelson Carioca, Arlete Sormane e
outros, querem saber a razão de generais importantes, (citados por mim ontem)
disputarem a presidência do Clube Militar.
As razões eram várias. O clube militar muito importante, sempre uma
fortaleza de defesa do grande interesse nacional. Hermes da Fonseca,
ex-presidente da Republica, (1910 a 1914, derrotando Rui Barbosa) presidiu o
Clube Militar. Na campanha do "petróleo é nosso", antes de 1950, os
maiores debates se travaram no Clube, e se não fosse o apoio dos militares
nacionalistas, a campanha não teria sido vitoriosa.
Os americanos atrasaram por muito tempo a criação da Petrobras, com
aquela famosa frase que inventaram e divulgaram intensamente: "Não há
petróleo no Brasil".
Monteiro Lobato foi o maior combativo e responsável pela preservação das
nossas riquezas. E mais tarde acabou asilado por anos fazendo um mapa do Brasil
e suas fronteiras, e a legenda: "Deus quando criou o mundo estabeleceu que
todos esses países teriam petróleo menos o Brasil".
Uma das razões de generais de prestígio e importância se candidatarem a
presidente do Clube Militar, é que o cargo era privativo de Generais da ativa.
Então um grupo lançava general, enfrentado por outro também destacado.
Isso durou até1960. A partir dai e até hoje, o presidente do Clube
passou a ser obrigatoriamente um general da reserva. Não perdeu a importância,
mas a competição não foi mais tão empolgante.
A ultima disputa foi mesmo a de Estilac Leal contra Cordeiro de Frias,
com recorde de votantes.
PS- O Supremo dará posse ao novo ministro com a mais completa solenidade.
Qual Fachin estará votando, com a mais absoluta incerteza? O Fachin que
pode ser jurista e acadêmico, mas não se enquadra de forma alguma na “ilibada
reputação?”.
PS2- Podem esperar: em todos os votos Fachin, muitas "datas
venias" para ele mesmo. Pois não se sabe, nem dá para
"adivinhar", se que estará votando será o Fachin da militância ou
convivência do PT ou o Fachin do lugar comum, "faça o que eu faço, mas não
o que eu digo". Pois já disse e desdisse sem constrangimento.
PS3- Dizem que Fachin chorou ao saber da aprovação. Já falei varias
vezes que sou a favor de homem chorar. Mas devia ter chorado quando foi vetado
por Lula e depois pela própria Dilma.
PS4- Fachin parece uma nova versão do também ministro Dias Toffoli. Que
vai chorar de inundar o plenário (se a Lava-jato, como se espera, for
enquadrada, indiciada e condenada).
PS5- Como tem 57 anos, Fachin ficará no Supremo até 2032. Pelo rodízio,
será presidente em 2027/28. Seguindo a ordem de entrada em cena, sem qualquer
restrição as destino de sete pessoas que chegaram antes.


