CARLOS CHAGAS -
Marcada para hoje, talvez fique para amanhã, no plenário do Senado, a
votação sobre a nomeação de Luiz Fachin para ministro do Supremo
Tribunal Federal. Ele necessitará de 41 votos, entre 81 senadores, já
tendo sido aprovado na Comissão de Constituição e Justiça.
Apesar da resistência do presidente Renan Calheiros, é possível que
Fachin se tornará o décimo-primeiro ministro da mais alta corte nacional
de justiça, vaga há quase um ano por conta das hesitações da presidente
Dilma em indicar o substituto de Joaquim Barbosa. Abre-se, também, a
possibilidade dele ser rejeitado.
O problema é que sua aprovação, se concretizada, não desfará o clima
de beligerância entre Madame e o Congresso. Também na Câmara dos
Deputados há resistências no relacionamento com o palácio do Planalto. O
presidente Eduardo Cunha não perde oportunidade de acutilar a
presidente da República, colocando em pauta projetos que desagradam o
governo.
A pergunta que se faz refere-se ao futuro. Não dá para levar por
quatro anos essa atmosfera de desconfiança entre dois poderes da União.
Ainda mais em meio à crise econômica que, longe de amainar, parece
intensificar-se. Ainda agora o ministro da Fazenda ameaça com aumento de
impostos, além da redução de direitos trabalhistas. Os partidos da base
oficial encontram-se em pé de guerra com o governo, que de sua parte
faz nomeações fisiológicas para agradá-los mas não supre as ambições até
do PT.
Torna-se necessária uma pacificação, inclusive estendendo-se até as
centrais sindicais, possível apenas com a elaboração de um programa de
recuperação que vá muito além do aumento de impostos e de juros.
Combater o desemprego crescente, a inflação galopante, a alta do custo
de vida e o pessimismo que assola as classes produtoras só será possível
com uma trégua entre as forças em choque. Para isso, porém, a
iniciativa precisa partir da presidente, por enquanto empenhada no
arrocho, perdão, no ajuste fiscal. Vai ficando evidente que com a
estratégia de Joaquim Levy não se chegará a lugar algum, ou melhor, mais
afundaremos no precipício. Uma lufada de bom-senso não faria mal a
ninguém, mesmo se imprescindível uma reformulação ministerial. Há que
encarar a hipótese da substituição da equipe econômica, antes que
derrotas parlamentares mais profundas tornem sem volta o caminho
atualmente trilhado.
