Por KIKO NOGUEIRA - Via Diário do Centro do Mundo -
Jô Soares é comunista. É também petralha e vendido. Ah, sim: e um cachorro.
A patrulha ideológica sobre o apresentador atingiu níveis inéditos de
cafajestagem após uma conversa que teve com Dilma no Planalto. Danilo
Gentili, seu concorrente, admirador até ontem, o comparou a um cão nas
redes sociais: “Senta. Deita. Rola. Parabéns! Um biscoitinho pra vc.”
(Esse é o mesmo Gentili que se queixa de perseguição, de censura, de
ser vítima da ditadura do politicamente correto e por aí vai. Alguém com
um ponto de vista diferente do seu é um animal).
A transformação de Jô em socialista vagabundo não vem de hoje.
Começou com suas críticas à fantasia da bolivarianização do Brasil e
continuou com a cacetada que deu na busca do PSDB pelo impeachment
(“Parece uma coisa de república de patetas”).
É uma velha tática macartista. Em 1988, Jô, então no SBT, escreveu um
artigo no JB sobre o boicote da Globo a comerciais protagonizados por
artistas de outras emissoras. Por conta disso, colegas dele eram vetados
em propagandas.
Ele conta o que Boni lhe disse quando saiu da emissora: “Já mandei
tirar todos os seus comerciais do ar. Chamadas do seu novo show no Scala
2, também, esquece. Estou vendo como te proibir de usar a palavra
‘gordo’”. Boni, na época, era o Boni.
Curiosamente, o texto traz uma comparação que continua atual: “Em
1947, os grandes produtores de Hollywood se reuniram no hotel Waldorf
Astoria, em Nova York, e resolveram que artistas com tendências
políticas em desacordo com seu ideário não trabalhariam mais em filmes.
Surgia a lista negra e a consequente caça às bruxas.”
Ele não perdeu o emprego, mas o desejo dos caçadores é esse.
Pusilânimes como Gentili e seus amigos acham que coragem é bater em
Dilma e num governo absolutamente inerme. Qualquer um faz isso,
especialmente sabendo que não dá em nada.
Por que DG não faz piadas sobre a peruca do patrão, por exemplo? Ou sobre a derrocada de “Babilônia”?
Porque é covarde.
Numa entrevista entrevista recente, Jô comentou a respeito das
“acusações” dos inimigos. “Eu tenho uma posição correta para todo
jornalista ou quem trata o assunto, que é, exatamente, ser considerado
petista pelos não petistas e não petista por alguns petistas”, disse.
“Não tem o menor problema em ser considerado petista, inclusive
porque o presidente Lula foi 13 vezes ao meu programa. Não tenho o menor
problema com partidos políticos. Tenho amigos que são do PT, e outros
que não são. A posição correta é ter opiniões que são coerentes com
você. É um absurdo falar em impeachment da presidente Dilma. Não há o
menor motivo.”
Vídeo: Pingue-Pongue com Bonfá, Jô Soares exclusivo. Comida e política no mesmo prato.
Vídeo: Pingue-Pongue com Bonfá, Jô Soares exclusivo. Comida e política no mesmo prato.



