Por ALBERTO DINES - Via Observatório da Imprensa -
Confirmou-se mais uma vez a generosidade da Petrobras com os três jornalões (+ Valor).
Além das fortes emoções produzidas pela Operação Lava Jato que ainda
consegue animar um jornalismo sonâmbulo, a publicação do balanço da
petroleira no dia 8 de maio, sexta-feira, permitiu às maiores empresas
jornalísticas do país tirar a barriga da miséria.
Com as lojas desertas e as vendas desastrosas na temporada do Dia das
Mães, a impressão e o encarte de um portentoso suplemento de 32 páginas
em papel especial, quatro cores dos dois lados, salvou o faturamento de
maio.
A Petrobras foi uma mãe, e em troca ninguém reclamou contra a
prodigalidade de uma empresa em estado quase falimentar. A publicação de
balanços das empresas de capital aberto é obrigatória, a transparência é
uma exigência da lei e constitui a chamada “publicidade legal”. Não
seria suficiente publicar o documento num único veículo?
Apesar do atraso de cinco meses, o resumo foi divulgado na TV pelo
próprio presidente da companhia, Aldemir Bendine, 13 dias antes com
tremenda repercussão internacional.
O leitor não especializado já conhecia os números mais expressivos, e
para atender a legislação e ao mercado bastaria publicar o cartapácio
em apenas um jornal, digamos o Valor Econômico, com tiragem
infinitamente menor e um público-alvo mais do que adequado. Com a
vantagem adicional de beneficiar as duas empresas proprietárias (Globo e
Folha).
Ninguém contestou a nova exibição de liberalidade da maior empresa do
país. Dinheiro do contribuinte jogado acintosamente pela janela e
ninguém bota a boca no trombone? Quem ousaria (ou conseguiria) fazê-lo?
Os veículos beneficiados, aqui, na Pátria do Compadrio e das boquinhas
abertas? Impraticável.
