MIRANDA SÁ-
Desde a Idade da Pedra foi fácil distinguir quem diz uma mentira.
Darcy Ribeiro constatou isto entre etnias indígenas e, entre os ditos
civilizados, a convivência com parentes e amigos próximos percebe o
mentiroso por tiques pessoais. Arregalar dos olhos, entortar da boca ou
dilatar das narinas são reveladores.
As exceções ou são quadros psiquiátricos ou dependem de muito treino
pessoal, comum entre artistas e políticos. Quando Fernando Pessoa disse
que “o poeta é um fingidor”, induzia a acepção aos artistas em geral;
mas, quanto a políticos, a coisa vai mal.
Maus políticos são doentes e treinados… Temos muitos os exemplos à
mão com 25 governadores, 75 senadores, 513 deputados federais e um
número incalculável de deputados estaduais, prefeitos e vereadores,
quase à unanimidade, ardilosos e habituados a mentir. Assim, maior do
que o custo Brasil, é o peso astronômico da mentiraria.
Um bom exemplo é Lula da Silva, que mente compulsivamente, com prazer
e alegria, criador da enorme fraude que é Dilma… Um guiando o outro,
fazem o strip-tease do cinismo. A diferença é que Lula requenta as
mentiras e Dilma mente com a frieza de um iceberg, com gélidos ²/³
submersos no oceano da falsidade.
Se houvesse um campeonato mundial entre mandatários mentirosos, a
taça certamente seria nossa. Vejamos a última de Dilma: Renunciou sob
pressão popular entregando o poder na cara e na coroa; de cara ao
neoliberalismo, entregando a economia a Joaquim Levy; de coroa ao mais
cruel fisiologismo, passando a Michel Temer as rédeas do poder.
Dilma mentiu, ou não mentiu para os seus partidários e eleitores?
Quando se candidatou à reeleição garantiu, entre outras imposturas, que
iria assumir a direção do governo e muitos acreditaram nela; entretanto,
passou a direção a outrem incapacitada de administrar a economia do
País e inabilitada para conduzir a política nacional.
Para esconder este desastre do PT-governo, os azes do lulo-petismo
fluem as mentiras que já não convencem ninguém, e levam aos andares de
baixo a tarefa de repeti-las: Aspones e depones aparelhados movem a
cabeça como bezerros de presépio, concordando e repetindo o mi-mi-mi da
defesa indefensável.
No anexo da cobertura palaciana, em salas luxuosas, a elite
cor-de-rosa dos zés eduardo cardozo e dos mercadantes fazem vozes de
falsete no cantochão da hipocrisia. E essa lamentável tragicomédia
repercute no Congresso, na enganosa gagueira de Vicentinho disputando a
raquetadas com seu rival de carreirismo, o hilário Sibá Machado, no
campo da pobreza intelectual…
Não se faz por acaso a distribuição das verbas publicitárias do
PT-governo. É o abono da mentira para a mídia. Jornais grandes e
pequenos, blogs, sites, MAVs e free-lancers recebem seu quinhão para
tentar manipular, através de mentiras, a opinião pública.
Não há um exemplo mais do que perfeito a repercussão jornalística das
manifestações do dia 12 de abril. Viu-se um clichê dos press-releases
do Palácio do Planalto. Exemplos que peguei: Folha de S. Paulo:
“Manifestantes voltam às ruas com menos força”; O Globo: “Novos
protestos contra governo têm adesão menor”; Zero Hora: “Segunda onda de
atos contra Dilma foi menor”. Papel carbono.
Este strip-tease do cinismo se expõe à vista de quem tem olhos de
ver. Com isto, “o gigante da calçada, de pé sobre a barricada” se move,
se levanta, tira a venda, se multiplica e protesta contra este estado de
coisas. A Nação somos nós. Milhões de brasileiros conscientes e
decididos exigindo o fim desse espetáculo de variedades quase
pornográficas.



