Por LÚCIO FLÁVIO PINTO -Via blog do autor -
A Petrobrás tem 80 mil funcionários. Eles desconheciam completamente
as “ações ilegais” de que a empresa foi vítima, das quais participaram
apenas quatro dos seus diretores – Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco,
Renato de Souza Duque e Nestor Cerveró. O comando da empresa ignorava
que eles haviam se juntado a um “cartel criminoso” envolvendo as maiores
construtoras e empresas de engenharia do país. Quando soube, demitiu
todos e suspendeu os contratos com as 27 empresas da organização
criminosa.
Esse é o principal fundamento da defesa que a Petrobrás apresentou
hoje à Corte do Distrito Sul de Nova York. Num documento de 76 páginas, a
estatal brasileira contestou os investidores que movem uma ação
coletiva contra si, alegando perdas com os escândalos de corrupção. A
defesa afirma que a empresa “nunca pagou propina a ninguém” e que foi
uma vítima das atividades desse cartel, como teria reconhecido o juiz
Sérgio Moro, que preside o processo no Brasil.
A defesa é sagaz, mas abre espaço para novos ataques à Petrobrás.
Como uma empresa desse porte não consegue detectar fraudes em contratos,
ao longo de nove anos (de 2004 a 2012), que acabariam por lhe causar
prejuízo de 6,2 bilhões de reais, segundo seu próprio balanço, em
cálculo admitido como conservador? Como eles conseguiram um alcance
dessa magnitude, transitando pelos principais negócios da empresa, sem
serem percebidos por outros diretores, inclusive os de maior hierarquia?
É o viés Lula, que está na origem das condições que fomentaram o
surgimento desse cartel criminoso. Ao ser defrontado com fatos
indesejados, Lula sempre alega nada saber. Esse mantra monocórdio
convencerá a justiça americana, muito mais rigorosa do que a brasileira
na apreciação dos crimes corporativos?
That’s the question, diria o bardo Shakesperare.



