Dilma Rousseff e Joaquim Levy precisam acordar, pois dormem além do tempo e só prejudicam a recuperação econômica. Em vez de centralizar sua ação em medidas restritivas, algumas até necessárias, também deveriam estar oferecendo esperança e otimismo no lugar de sacrifícios e austeridade.
A estabilidade não pode ser produto da recessão. Num país pleno de
território, água e sol, não será difícil mobilizar a sociedade para
começar a construir, depois da demolição verificada nos últimos anos.
Apesar do assistencialismo tipo bolsa-família e congêneres, o governo
nada fez de concreto no plano social. Que tal o ministro da Fazenda, ou
a própria presidente da República darem amplo passo à frente no setor,
anunciando a duplicação do salário mínimo, valendo já para o primeiro
dia de maio? Nada de 788 reais, mas, pelo menos, 1.576 reais? O
empresariado iria estrilar, ainda que o trabalhador, exultar. A adoção
do imposto sobre grandes fortunas absorveria com facilidade a despesa
que teria a máquina pública, das prefeituras aos governos estaduais e
órgãos federais. Mais recursos seriam injetados no mercado, mais
lucrariam as empresas.
Impossível essa alternativa? Claro que assim se pronunciariam as
elites e até parte da classe média, fiéis que são aos postulados do
neoliberalismo, mas será sempre bom lembrar que Getúlio Vargas, em 1951,
aumentou o salário mínimo em 200% e em 1954, em 100%. João Goulart
preferiu, em 1962, 40%. Talvez tenham caído por isso, entre outras
razões, mas demonstraram justiça e coragem. Como os tempos hoje são
outros, jogados os golpes de estado no lixo da História, por que não
optar pelas soluções mais lógicas? Força teriam, apesar das reações
elitistas de sempre. Poderiam neutralizar com facilidade as investidas
da inflação forjada pelos prejudicados com o aumento, cortando-lhes os
instrumentos de especulação.
Não se trata de delírio, mas de aplicação do princípio de que os
governos precisam voltar-se para as maiorias, jamais oferecendo esmolas,
mas direitos e deveres. Um salário mínimo duplicado e seus reflexos na
cadeia salarial mudariam o clima de decomposição nacional que nos
assola. Em vez de pé no freio, por que não no acelerador?
