INFORMAÇÃO LIVRE

30.4.15

DILMA FATURA A BRIGA NO CONGRESSO

CARLOS CHAGAS -


Estariam os presidentes da Câmara e do Senado em estado de beligerância apenas por discordância em torno do projeto da terceirização? Afinal, as duas casas do Congresso estão consagradas entre nós desde o Império, cada uma com suas atribuições e representatividade, precisamente para elaborarem leis capazes de exprimir tanto a vontade popular quanto os interesses dos estados, antes províncias.

Eduardo Cunha e Renan Calheiros estão exacerbados por outro motivo: encontram-se submetidos a inquérito judicial promovido pelo Supremo Tribunal Federal, depois de integrarem a lista do Procurador Geral da República, relacionados como suspeitos de envolvimento no escândalo da Petrobras. Todo mundo é inocente até que se lhe prove a culpa, mas a simples hipótese de estar sob investigação deixa qualquer um com os nervos à flor da pele. Ainda mais ocupando as funções que ocupam. Por isso, destemperam-se em suas relações institucionais e acabaram batendo de frente.

Se porventura condenados, perderão não apenas as presidências do Legislativo, mas os próprios mandatos, além da desmoralização política. É natural que ao primeiro pretexto, acionem suas metralhadoras giratórias.

Não está fácil a vida de Cunha e de Renan, explicando-se porque deixaram de dialogar. Quem lucra com a história é a presidente Dilma, atropelada pelo anseio de independência de deputados e senadores e tendo sido derrotada diversas vezes em votações e iniciativas, tanto na Câmara quanto no Senado. Enquanto as duas casas se enfrentam, Madame consegue algum tempo para pesar as feridas, mesmo com seus auxiliares espalhando que gostaria se a paz voltasse a reinar no Congresso. Mentira. Para a presidente, quanto mais ebulição houver entre seus vizinhos da Praça dos Três Poderes, melhor...

CONTRADIÇÕES E INCOERÊNCIAS

Razão terá a senadora Marta Suplicy quando afirma ter sido o PT que mudou, abandonando o sonho de tornar-se um partido diferente, ético e voltado para a justiça social. Os companheiros mudaram muito, em especial depois de haverem chegado ao poder, com o Lula.

Feita a ressalva, vale prospectar mais fundo. Marta queria voltar à prefeitura de São Paulo, depois de derrotada na primeira tentativa. Como o Lula preferiu Haddad, ganhou de compensação o ministério da Cultura. Lá permaneceu reverenciando o ex-presidente e tecendo loas à sucessora, mas de olho nas eleições de 2016. Frustrou-se ao perceber que o atual prefeito será candidato à reeleição e deixou o governo Dilma com duas pedras na mão. Disposta a concorrer, vai para o PSB, que já lhe garantiu legenda. Sobre sua candidatura paira a sombra da perda de mandato, já tendo perdido qualquer relacionamento com Lula e com Dilma e mais a torcida do Corinthians.