29.4.15

CRISE NO SISTEMA PRISIONAL. ORÇAMENTO INICIAL PARA MELHORIAS É DE R$1,2 BILHÕES

ALCYR CAVALCANTI - 

"Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante". Declaração dos Direitos Humanos, artigo V. 


A superlotação dos presídios é um dos problemas que afligem diretamente a segurança no país, e que continua sem solução, apesar da retórica oficial. O Brasil é um dos países com maior número de presos em todo o mundo, número que cresce assustadoramente a cada ano. São mais de 500mil presos, a maior parte à espera de julgamento, número que deve aumentar em muito se for aprovada lei da redução de 18 para 16 anos da maioridade penal. No Rio de Janeiro são 12mil detentos para serem julgados, alguns por delitos considerados leves. O Plano Nacional de Apoio ao Sistema Prisional lançado pela presidente Dilma em 2011 está paralisado, pouco foi feito, obras estão paradas, nenhum presídio foi concluído, mais de 45 projetos não saíram do papel, de um orçamento inicial de mais de R$1,2 bilhões.

Com índices de criminalidade sempre altos, apesar de algumas estatísticas, os presídios são meros depósitos de presos, que convivem em condições sub humanas, que para sobreviver fazem prevalecer a "lei da selva", ao se organizarem em grupos face ao descaso das autoridades. O Primeiro Comando da Capital-PCC inicialmente em São Paulo já estende seus tentáculos a 20 estados, em alguns deles como o Rio de Janeiro tem feito uma aliança cooperativa com a rede criminal mais tradicional, o Comando Vermelho, em uma verdadeira indústria do crime.

Descaso com o Sistema Prisional

 O descaso das autoridades com os milhares de detentos não é coisa nova. Por um fenômeno de resistência às péssimas condições  formam grupos exercendo seu poder não só dentro da cadeia, mas principalmente fora delas, monitorando assaltos, sequestros, execuções, como temos assistido recentemente. A Falange Vermelha foi formada na Ilha Grande em resposta às péssimas condições do presídio nos anos 70 formando uma rede de proteção e solidariedade que perdura até hoje, e serve de modelo às outras redes criminais que se espalharam em quase todo território nacional.