HELIO FERNANDES -
Nos bastidores, o
que é comum nos grandes fóruns, todos queriam saber quanto tempo falaria. Da delegação,
informaram, "de 35 a 45
minutos". Falou 8, que pela
falta de conteúdo, é rigorosamente exagerado. Desinformado, concluiu: "A esquerda não prevalecerá na America Latina".
E informou nesse capitulo: "conversei com Macri, presidente da Argentina, concordamos".
Transformou Macri
num tratadista ideológico, ele está inteiramente preocupado "com a inflação, o FMI, a impopularidade". O mesmo
caminho que Bolsonaro já está
percorrendo, aparentemente sem perceber. Refugiou-se no combate "à
violência e corrupção", o que justificava o fato de Moro estar presente em Davos. Apesar de no Brasil estar acumulando ha 20 dias, (desde que tomou posse)
derrotas nos 2 setores.
Ainda não se sabe
se Moro discursará. Mas Davos só quer ouvir Paulo Guedes. Quando o ministro múltiplo, deixou
entrever, "tenho 400 estatais
para privatizar", Davos ressurgiu como fórum econômico. E o próprio Guedes lembrou de sua primeira
afirmação como ministro convidado:
"Posso conseguir 800 BILHÕES vendendo essas estatais".
Isso deve ser um
"achado", pode acreditar numa realidade promissora. O obstáculo pode ser o próprio Bolsonaro, e as
metas que sobraram do seu
palavreado primário. Ele apresentou como programa de CRESCIMENTO e DESENVOLVMENTO,
"o incentivo à agricultura e ao agronegócio".
Exatamente o que
Rui Barbosa condenava ha mais de 100 anos no discurso de posse como ministro da Fazenda.
Textual: "O Brasil tem que deixar de ser chamado de "País ESSENCIALMENTE AGRÍCOLA". Ao contrário do mundo todo, que depois de 1780, com a Revolução Industrial de Manchester, se industrializou
completamente".
Aí, o estadista
brasileiro, fulminou os "barões do café" que ficaram apavorados. Mas não modificaram a política
agrícola e continuaram enriquecendo
individualmente com o café, e empobrecendo e atrasando o Brasil. Rui foi por esse caminho até que 30
anos depois, o Brasil começou a se industrializar. Mas equivocadamente.
Agora, o
Presidente Bolsonaro acena com mais privilégios que favorecem grupos já privilegiados. Sempre. É lógico que
não temos que abandonar a
agricultura e o agronegócio. Mas esse favorecimento prejudica e abandona setores importantíssimos. Como
ferrovias, infraestrutura, e setores
que criam e podem criar milhões de empregos. Sem esquecer a agricultura
familiar, altamente progressista, criadora de independência financeira.
Eu não tenho a
pretensão de acreditar que Bolsonaro leu Rui Barbosa. Mas pelo menos, por vias transversas, tomou
conhecimento dos resultados do
ensinamento do maior e mais exaltado brasileiro, mesmo depois de 100 anos da sua morte.
PS: Como eu disse
no início e reafirmo agora no final, em Davos só existe um personagem brasileiro, para quem todos os empresários e
economistas de Davos olham com inveja:
Paulo Guedes.
PS2: Vamos
esperar que ele fique mais tempo conversando com os empresários estrangeiros, e negocie as 400
estatais deficitárias, que arruínam
a economia e o orçamento do País.