11.10.16

QUE TIPO DE GOVERNO PAGA UM BANQUETE PARA APROVAR UMA PEC DE GASTOS PÚBLICOS ?

Por KIKO NOGUEIRA - Via DCM -


Não há problema de comunicação capaz de ser resolvido pelo governo Temer.

Ele não é apenas ilegítimo, mas absolutamente incapaz de ver as contradições em que recai constantemente, sobretudo pela incompetência e pelo fato de que, como chegou ao poder através de um golpe, não é necessário dar satisfação de nada.

Que sentido há em organizar um banquete com dinheiro público para tentar garantir a aprovação de uma PEC que limita os gastos públicos?

Não havia um idiota para levantar essa questão quando algum outro idiota teve essa ideia? Quanto custou a “recepção”?

A assessoria se recusa a abrir, obviamente. Mas façamos uma conta de padaria (com todo o respeito aos padeiros).

Eram cerca de 500 convidados no Palácio do Alvorada. Os deputados foram com seus “familiares”.

O cardápio incluiu carne com risoto de funghi, salmão, salada e massa. Mais o vinho — em torno de 80 reais a garrafa, segundo um ex-funcionário do cerimonial.

Dois economistas, José Márcio Camargo, da PUC-RJ, e Armando Castellar, da FGV-RJ, fizeram exposições com power point.

Acrescentemos a passagem dos dois, acompanhados, o hotel, e o aluguel do equipamento para o show dallagnolesco.


Por baixo — por baixo —, a coisa saiu em torno de 100 mil reais. E não estou computando o vallet, por exemplo.

A boca livre teve selfie com Marcela Temer e discurso do marido. “Todos nós precisamos revelar que nós temos responsabilidade, porque todos nós estamos cortando na carne”, disse ele, enquanto os apaniguados metiam a faca no peixe.

Os parlamentares estavam “dando o exemplo” de estar em Brasília num domingo à noite, “algo que geralmente não costuma ocorrer”, apontou. Como se aquilo fosse algum sacrifício cívico e não uma mordomia a mais.

No dia seguinte, Temer viria com uma chantagem explícita. Em entrevista à rádio Estadão, ameaçou com aumento de impostos se a proposta não passasse. “Nós estamos fazendo tudo, você percebe, para não falar em recriar a CPMF”, afirmou.

Ao final da festança, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, arrematou: “O Judiciário brasileiro tem a absoluta noção da responsabilidade histórica desse momento que vivemos”.

Embora o Brasil já tenha virado uma piada, esse bando será sempre capaz de nos surpreender.