4.8.15

O BOTAFOGO E O FUTEBOL PENTACAMPEÃO. O LEMA AGORA É TUDO POR DINHEIRO

ALCYR CAVALCANTI -


Diretoria medíocre vende principais jogadores como Gilberto e Rodrigo e empata em casa com um timinho. A torcida impaciente com maus resultados vaia no final. O Botafogo é um espelho fiel de um futebol que já foi o melhor do mundo.

Celeiro de craques, base da seleção brasileira campeã do mundo amarga hoje uma melancólica segunda divisão com jogadores de terceira. As derrotas do Glorioso vieram a reboque do vexame histórico, dos inesquecíveis 7X1 e 3X0 e da campanha capenga da Copa América.

Da mesma forma que a seleção pentacampeã que já estava sendo alertada por exibições medíocres e falta de amor à camisa, o clube de General Severiano já vinha capengando há muitos anos. Assim como a seleção canarinho o Bota tem mais interesse em comercializar jogadores vendendo todos os que saem das divisões de base por qualquer preço. Jogadores que saem do infantil (ou do sub-sub) são rapidamente negociados para encher os bolsos dos empresários e de dirigentes ávidos de dinheiro que não tem nenhum amor ao clube.

O futebol deixou de ser uma paixão, uma religião de ser "a bagatela mais importante do mundo" segundo o sociólogo Christian Bromberger, para ser apenas mais um negócio, geralmente escuso como vieram à tona a série de escândalos da FIFA, onde dirigentes estão trancafiados e outros estão na fila à espera da cadeia.

A grande negociata em que se transformou o esporte das multidões transformou estádios em arenas multiuso, tendo como finalidade afastar os torcedores em prol de uma elite que possa pagar o "show" esportivo segundo o nefasto "Padrão FIFA", que tem como meta engordar as contas bancárias dos donos do futebol.

Assim como a FIFA, assim como a CBF a diretoria atual dos grandes clubes que tem como patrimônio a paixão de milhões de torcedores estão matando aos poucos a mina de ouro que ainda é o nosso futebol, desmontando ano a ano equipes competitivas em troca de alguns dólares para encobrir as dividas adquiridas por negócios escusos e péssimas administrações.

Dirigentes apaixonados que davam a vida pelo seu clube foram substituídos por economistas frustrados que nunca sujaram seus sapatos comprados em Milano na lama dos estádios de futebol, com jogos disputados  às 22h e não sabem que diferente da Bolsa de Nova York com o futebol "o buraco é mais embaixo" ou mais em cima.

O lema é "tudo por dinheiro", vende-se rapidamente atletas que estão começando a dar os primeiros dribles para ter algum lucro e compra-se jogadores em fim de carreira, para dar um último alento a um futebol moribundo. Não é atoa que as seleções desde a mais jovem até a pentacampeã tem perdido sucessivamente todas as competições em que tem participado.

Enquanto torcedores mirins envergam camisas de Cristiano Ronaldo ou de Leonel Messi, clubes como Botafogo e Santos que já dominaram o futebol mundial lutam para sobreviver.

Times de tradição e de milhões de apaixonados amargam dívidas estratosféricas e para tentar enganar e tentar uma sobrevida ficam acorrentados a empresários mafiosos e pagam a peso de ouro jogadores que tem pouco valor de mercado, reservas de luxo em clubes europeus.

A fórmula mágica é trazer atletas em fim de linha que se apresentam como grande solução, tendo como finalidade iludir a massa e vender camisas para  melhorar a caixinha do presidente. Triste fim de um futebol pentacampeão, triste fim de um futebol "glorioso" que agora disputa um torneio de várzea.