CARLOS CHAGAS -
Dentro de uma semana, precisamente, estará sendo escolhido o novo
Congresso. Dizia o dr.Ulysses, com humor, que pior do que o atual, só o
próximo. A pergunta que se faz é sobre os limites da renovação, em
especial na Câmara dos Deputados. É possível que não chegue a 50%. Nos
principais partidos, os caciques deverão conservar suas cadeiras,
exceção dos candidatos a governador ou ao Senado, aliás, poucos.
Indaga-se da hipótese de, desta vez, ser aprovada a reforma política,
mas as chances são poucas. Talvez a proibição de doações pelas empresas
nas campanhas eleitorais, com o financiamento público ainda indefinido.
Jamais a cláusula de barreira para limitar o número de partidos
políticos, muito menos o voto distrital e a votação para deputado
federal em listas partidárias. Nem a revogação do princípio da
reeleição.
O novo Congresso continuará dando sustentação ao palácio do Planalto,
qualquer que venha a ser a presidente da República, Dilma ou Marina. A
conclusão é de que o governo permanecerá em condomínio com os partidos,
funcionando o PMDB como tijolo de sustentação tanto de uma quanto de
outra das candidatas. Neste caso, com o PT ao lado e o PSDB na oposição.
Naquele, invertendo-se a equação, ou seja, os companheiros na oposição e
os tucanos no governo.
Mudará alguma coisa? Nem pensar. Dos programas de assistência social
ao orçamento insuficiente, da ineficiência administrativa à insegurança
nas ruas, da farra das empreiteiras à indigência dos municípios – o país
será o mesmo. Tanto o Congresso quanto o Executivo continuarão olhando
para o próprio umbigo, pensando nos próximos quatro anos. Ninguém, em
funções de relevo, cogita do que será o Brasil dentro de vinte, trinta
ou cinquenta anos. O futuro não faz parte das preocupações nacionais,
até porque os políticos de hoje não estarão mais aqui. Não é problema
deles.
INTERPRETAÇÃO EM ABERTO
Impossível, por enquanto, interpretar o significado do manifesto dos
generais de quatro estrelas, todos na reserva, criticando não só o
ministro da Defesa, mas o governo inteiro. Em outros tempos os tanques
estariam na rua, ou os signatários na prisão. Fica difícil aceitar que
os comandantes atuais não conhecessem previamente o pronunciamento. Que
reação terá o embaixador Celso Amorim? Advertir a todos ou ficar calado?
A presidente Dilma comentou apenas que se os generais não querem pedir
desculpas pelos excessos do regime militar, “que não peçam”.